Igual os doidivanas (Divulgação)
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O magnífico golpista
Publicado em 08 de janeiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Não há golpe sem golpistas. O gesto abortado num dia 08 de janeiro, há dois anos, a flor podre da ambição autoritária cultivada por um presidente eleito inconformado com os limites constitucionais do imenso poder conferido por um mandato eletivo, foi reivindicado com todas as letras por todo tipo de gente. Senhorinhas de bíblia nas mãos e empresários cheios de grana clamaram pelo golpe.
Segundo Milan Kundera, não há outra trincheira na peleja do populacho com os donos do mundo: “A luta do homem contra o poder será sempre uma luta da memória contra o esquecimento”. Fiado nisso, eu lembro: Joubert Uchôa, o magnífico reitor da Universidades Tiradentes, também bradou pelo golpe.
Uchôa e o golpe – Jouberto Uchôa, reitor da Universidade Tiradentes, abusou da própria sorte. Podre de rico, ele poderia desfrutar dos bolsos bem fornidos sem fazer caso da enorme influência exercida nos círculos mais reservados da aldeia.
Preferiu, no entanto, flertar com o obscurantismo e tomar parte na mímica golpista dos bolsonaristas. E, assim, foi castigado sem dó nem piedade nas redes sociais. A malhação de Uchôa consistiu num esforço justo, cabível também em âmbito judicial.
Ao confraternizar com os lunáticos reunidos nas cercanias do 28º Batalhão de Caçadores, às vésperas da intentona do dia 8 de janeiro, ele endossou um crime dos mais graves.
Não se trata de se filiar a esta ou aquela corrente de pensamento, manifestar uma opinião, exprimir-se em seus próprios termos, resguardado pela Constituição Cidadã de 1988. Nada disso. Os inconformados não mediram as palavras e não escondiam as reais intenções do levante: eles clamavam por um golpe.
Ali, Uchôa emprestou a reputação construída durante décadas de trabalho digno à pantomina golpista dos bolsonaristas. Assemelhou-se, assim, a uma Cássia Kiss, igual a todos os doidivanas sem discernimento assombrados pela ameaça vermelha do comunismo.
Uchôa perfilou-se ao lado de quem faz palanque de templos religiosos, confunde liberdade de expressão com a fabricação de fake news e acredita piamente em mamadeiras de piroca.
Numa canção fabulosa, Noite Severina, os compositores Pedro Luís e Lula Queiroga asseveram: cada ser tem sonhos a sua maneira. É a pura verdade. Assim como o lugar próprio da chama é o pavio da lamparina, o reitor Jouberto Uchôa, magnífico golpista, sonhou com um golpe.