Um show à parte (Divulgação).
O marketing do mal
Publicado em 02 de outubro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
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Algumas expressões grudam no ouvido, como as imagens prenhes de emoção persistem na memória, por forçada simbiose inesperada entre forma e enunciado. Para traduzir as tristes estratégias adotadas no pregão eleitoral de Aracaju, por exemplo, o jornalista Anderson Christian sacou um apropriado “marketing do mal”.
A expressão é batida, alguém pode argumentar. Na crise da hora atual, contudo, não há como mencionar a roupa suja lavada às custas do contribuinte, via fundo eleitoral, de outro modo. Somente apelando para o contraste absoluto entre a virtude e o seu oposto, com breve aceno a um embate de dimensões astrais, para dar conta da baixaria, sem tirar nem por.
Anderson, convém deixar o leitor a par de tudo, referiu-se à troca de acusações entre Rogério Carvalho e a candidatura de Luiz Roberto, veiculada em todas as mídias. O senador deitou e rolou sobre a demissão de Luiz Roberto, supostamente escorraçado da Petrobrás por desvio de recursos em favor do empresário Teo Santana, seu irmão. Luiz Roberto devolveu na mesma moeda: Ele, sim, Rogério Carvalho, seria corrupto.
Eis aqui, em poucas palavras, o ápice do embate travado pela elite política da capital sergipana -um pugilato boquirroto, egóico, desbocado, alheio às ideias.
O governador do estado, aliás, deu um show à parte e saiu em defesa de seu candidato em vídeo publicado nas redes sociais, finalmente empenhado de corpo e alma na sucessão municipal. E tratou de chafurdar na lama das acusações vazias, ele também.
O fato é que Luiz Roberto foi demitido por justa causa de uma empresa estatal. E isso de um servidor público ser posto no olho da rua, todos sabemos, é um episódio raro, improvável, um dos feitos mais difíceis do mundo.