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O problema da gravidez não planejada
Publicado em 09 de abril de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Foi divulgado um relatório de um organismo das Nações Unidas (ONU), o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), que informa que 50% das gravidezes no mundo não são planejadas. É estarrecedor saber que 121 milhões de mulheres e de meninas engravidam sem querem e 60% abortam, sendo que quase metade desses abortos é realizado de forma insegura.
Segundo o Fundo de População das Nações Unidas, Unfpa, para as mulheres e meninas afetadas, sequer existe a escolha entre engravidar ou não. O relatório da agência aponta que essa é uma crise global de gravidez não intencional.
O UNFPA é a agência de saúde sexual e reprodutiva das Nações Unidas. A missão da agência é entregar um mundo onde cada gravidez seja desejada, cada parto seja seguro e o potencial de cada jovem seja realizado.
É relevante destacar que a contracepção é a maneira mais óbvia de evitar uma gravidez indesejada. E, embora todos os métodos possam falhar ou serem usados incorretamente, o maior problema, de longe, é que as pessoas não conseguem obter a contracepção de que precisam, quando precisam. É o que afirma a agência da ONU, o Unfpa.
A Diretora da Unfpa, Mônica Ferro, afirma que vários fatores estão relacionados à gravidez não planejada: pobreza, níveis baixos de escolaridade, participação no mercado de trabalho e exposição à violência. A diretora do Escritório do Unfpa em Genebra menciona ainda a falta de uso de anticoncepcionais e pede mais investimento em igualdade de gênero.
Também para a Diretora temos “uma crise invisível que se desenrola perante os nossos olhos. É um custo insuportável para as pessoas e para o mundo. Uma em cada duas gestações ocorre no corpo de pessoas que não escolheram deliberadamente a gravidez ou a maternidade, que não estavam abertas à perspectiva de ter uma criança naquele momento, com aquele companheiro, naquela circunstância. Para essas mulheres, a escolha reprodutiva que mais altera as suas vidas – engravidar ou não – não é uma escolha de todo. E essa é uma questão pessoal, uma questão de saúde, uma questão de direitos humanos, uma questão de desenvolvimento e também uma questão humanitária”.
O Unfpa lembra que em todo o mundo, 257 milhões de mulheres que desejam evitar uma gravidez não estão utilizando métodos modernos e seguros de contracepção. Além disso, em países onde existem dados disponíveis, quase um quarto das mulheres não consegue dizer “não” a uma relação sexual.
Entre elas, 172 milhões não usam nenhum método. A maioria das mulheres que não querem engravidar dizem que não usam métodos contraceptivos modernos devido a: medo e experiência de efeitos colaterais (26%), sexo pouco frequente ou nenhum (24%), oposição à contracepção (23%), estão amamentando ou no pós-parto e não menstruam (20%).
A agência da ONU observa, no entanto, que “uma gravidez não intencional não significa uma falha pessoal” e pode acontecer devido à falta de autonomia permitida pela sociedade. O Unfpa aproveita o lançamento do relatório para pedir “aos legisladores, líderes comunitários e todos os indivíduos para empoderarem as mulheres e meninas para fazerem escolhas afirmativas sobre sexo, contracepção e maternidade”.
Das 121 milhões de gestações indesejadas que acontecem a cada ano, muitas serão recebidas com prazer. Outros causarão medo ou preocupação, mas acabarão por resultar em filhos que são profundamente amados e uma fonte de grande alegria.
Toda criança nascida de uma gravidez indesejada é uma pessoa com valor inerente, dignidade e direitos humanos. No entanto, nada disso está em conflito com o fato de que gravidezes indesejadas podem desencadear consequências negativas em espiral que ecoam por gerações.
Comecemos pelos corpos individuais agora sujeitos aos perigos da gravidez; alguns desses corpos pertencem a mulheres com saúde comprometida, a meninas muito jovens para ter uma gravidez segura.
Os programas de planejamento familiar deram grandes passos na abertura do acesso e da informação sobre contraceptivos – mas ainda há muito o que avançar. Para alcançar os que ficaram para trás, esses programas precisam enfrentar o estigma, a desinformação, o treinamento de profissionais de saúde, a educação sexual abrangente e a desigualdade de gênero.
Registre-se que a abstinência da atividade sexual é considerada por muitos como um método “à prova de falhas” de controle da fertilidade. Mas a abstinência pode ser ineficaz se não for praticada de forma confiável.
Pesquisas mostram que, entre as pessoas que usam a abstinência periódica como método contraceptivo, cerca de 40% descontinuam o método em 12 meses. E mesmo as pessoas que aderem fielmente à abstinência podem sofrer estupro ou sexo coercitivo, que são assustadoramente difundidos.
Em minha opinião este tema deve ser discutido de forma franca e direta nas escolas dentro do processo educacional e formativo, precisamos educar homens e mulheres sobre o problema.
Necessitamos de mais crianças felizes para a construção de um mundo mais digno e sustentável e para isso é necessário reduzir as gravidezes não planejadas.
Cabe o registro do UNFPA de que muito mais precisa ser feito para garantir um mundo em que todos os indivíduos possam exercer seus direitos humanos básicos, incluindo aqueles que dizem respeito aos aspectos mais íntimos e fundamentais da vida.