Quinta, 23 De Janeiro De 2025
       
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O SABER QUE DIFERENCIA A CRIANÇA


Publicado em 02 de fevereiro de 2015
Por Jornal Do Dia


Jose Vitor Menezes Teles é quase uma criança, tem apenas  14 anos, mas, vai cursar medicina na Universidade Federal de Sergipe. Ele foi aprovado alcançando 750,98 pontos no exame do Enem. Fez outra proeza atingindo quase os míticos mil pontos  na redação, o tormento de todos os alunos, tormento, porque hoje quase ninguém mais folheia  livros. O resultado é o desastre que estamos a assistir, compungidos uns, ou infrutiferamente revoltados outros.  Meninos assim como Jose Vitor, demonstram que é preciso ter esperança , sobretudo, ter também compromisso com o reordenamento do nosso sistema educacional, que somente se alcançará quando todos compreenderem que somos, tanto quando o governo, responsáveis pela transformação que desejamos. Jose Vitor lembrou, com muito carinho, da escola itabaianense onde estudou, o Colégio estadual Murilo Braga.  O equilíbrio, a educação, o bom senso e a própria forma de viver da criança agora acadêmica, revelam que ele tem o suporte da família, um fator relevante.
A nossa legislação não permite que pessoas com menos de 18 anos façam o exame de proficiência, uma espécie de segundo grau fast food para compensar o atraso de muita gente.
Falou-se até, sob os protestos veementes do lúcido Secretário da Educação Jorge Carvalho, que um menor de 18 anos, como é o caso de Jose Vitor, não poderia fazê-lo. Assim, sem o segundo grau completo, o belíssimo resultado por ele alcançado no Enem seria inútil para levá-lo imediatamente à Universidade. Mas o Juiz, igualmente lúcido, Alberto Correia Leite, concedeu a liminar e Vitor chegou à Secretaria da Educação com o certificado de conclusão de curso para exibi-lo à professora Marieta Oliveira, Superintendente Executiva, que o recebeu em festa. Festa também fará o Reitor Ângelo Antoneli, para receber o menino de Itabaiana quando ele for assistir à aula inaugural, e começar o seu curso de  medicina.
Antes, quando a vida era breve e a perspectiva de fruí-la andava entre nós na casa desenxabida dos quarenta anos, qualquer um que concluisse os preparatórios obtendo resultados positivos, mesmo aos doze anos, poderia ingressar nas faculdades. Isso aconteceu com o nosso gênio sergipano Gilberto Amado. Mesmo estudando numa precária escola particular em  Itaporanga, onde a professora fumava cachimbo e os alunos não sabiam o que era papel higiênico, mas conheciam muito de perto e nas mãos em brasa o efeito da palmatória, Gilberto foi aprovado aos doze anos nos preparatórios  para o Curso de Farmácia em Salvador. Aos   catorze anos ele já exibia para os meninos como ele, na sua terra, o anel de ¨doutor¨em farmácia.
Vamos colocar Jose Vitor Menezes Teles e outros que dão o mesmo exemplo, no topo de um pedestal que teremos de construir para revigorar, ou salvar  a nossa combalida autoestima,   em rápido processo de dissolução.

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