Observação pertinente (Divulgação)
O último dos moicanos
Publicado em 17 de setembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Candidato a uma vaga na Câmara Municipal de Aracaju, o professor Iran Barbosa realizou uma breve e necessária digressão eleitoral na porta do Cine Vitória, a fim de lembrar a importância dos espaços de cultura e lazer para a saúde mental coletiva.
Eu assino embaixo, claro. Mas lembro que todo espaço de convivência, desde uma praça na periferia até um grande centro cultural, equipado com toda tecnologia, precisa de pessoas de carne e osso para vingar de verdade.
Lembro e lamento: Não há mais cinéfilos de corpo presente. Não entre os nossos, os nativos aldeia. Fosse diferente, os responsáveis imediatos pela Cultura Serigy seriam obrigados a engolir a indisposição com os feixes de luz lançados sobre a tela do Cine Vitória.
O Cine Vitória não conta com o apoio devido do poder público local, eis aqui um fato lamentável. Os maiores interessados na preservação de tal culto, no entanto, perderam o rumo da igreja. Esta, a verdadeira ameaça. 130 lugares pra ninguém. Em um dia normal, o Cine Vitória não abriga meia dúzia.
Depois não adianta chorar o leite derramado. Mantido por força do valor simbólico e afetivo atribuído ao último dos moicanos (falamos de uma sala de cinema popular em pleno Centro Histórico de Aracaju), o Cine Vitória é a principal janela a arejar o ambiente audiovisual sergipano, com uma programação voltada exclusivamente para produções independentes e realizações autorais, além da crescente cinematografia local. Apesar disso, no que diz respeito à frequência dos próprios agentes da cadeia produtiva do audiovisual sergipano, vive às moscas.
Dois erros não fazem um acerto. É certo que o pouco caso de cinéfilos e realizadores sergipanos com a manutenção do Cine Vitória não isenta a administração estadual das próprias responsabilidades com a preservação da memória, por exemplo, só pra ficar no feijão com arroz do qüiproquó intelectual. Mas não é, infelizmente, a única parte pecadora nessa história.