O vaso quando é bom não quebra, nem trinca

* Rômulo Rodrigues

O Brasil foi surpreendido com a notícia de uma internação de emergência do presidente Lula na virada da noite da segunda para a terça feira, ou seja, do dia 9 para 10 de dezembro de 2024, pouco mais de uma semana.
De imediato, passado o susto, veio a lembrança de um velho ditado frequente na Caicó dos anos 50 do século passado: Praga de urubu choco não pega em cristão.
Naqueles tempos o ditado era usado para neutralizar invejosos de pequena monta do tipo que botava olho gordo em namoro, safra de algodão, safra de milho, parto de vaca e negócios pequenos, queijaria, fabrico de rapadura e bodega movimentada.
Era um tempo de pouca novidade quando as notícias chegavam na base de ouvir dizer, do tipo: o Brasil perdeu a Copa do Mundo e o suicídio de Getúlio Vargas.
O mau para valer, que amedrontava as beatas e as fazia apelar para o sinal da Santa Cruz, era a palavra comunismo, pronunciada baixinho, com expurgo da minisaia e do não uso do sutiã.
Tempos em que os que já se foram e nunca haveriam de pensar que o satanás, o demônio, o pestilento filho do capiroto estava sendo gestado nos quintos dos infernos e que, coisa de uns 70 anos passados, lançaria todo seu agouro sobre nossa pátria mãe gentil.
Pois é, lançou e foi publicado na mídia como manchete e com toda pompa: “Ibovespa futuro sobe com o mercado torcendo contra a saúde de Lula”.
Até aí, tudo bem! É do conhecimento geral que nas profundezas do inferno não há quem reze pelo bem de qualquer pessoa, já que é regra geral desejar sempre o mal.
Aqui na terra também tem disso e o que é pior, diferente de lá dos quintos. Aqui está tudo organizado em um inferno muito mais destruidor chamado mercado.
Eita bicho lazarento. pois não é que em análise publicada no BrazilJournal, um dos principais porta voz da Faria Lima foi escrito que a valorização dos ativos coincidiu com notícias sobre a internação de lula?
Seria mórbido e trágico se não expressasse um sentimento real e triste em que a mídia pequena não se chocasse com os repúdios, buscando justificativas e sentindo-se ofendida, para parecer grande.
Claro que têm justificativas, para tudo tem. Inclusive para crimes contra a democracia e o Estado Democrático de Direito. Hipocrisia, é que se chama.
Saiam da frente, vozes do agouro; que lá vem a Quest outra vez dizendo o que poderá provocar infartos diversos.
A pesquisa saída do forno é: Lula e Haddad venceriam Bolsonaro, Tarcísio, Marçal e Caiado em 2026 com um tempero nordestino bem apimentado.
Digo, o presidente venceria todos com folga e Haddad, escolhido como substituto ideal, também os venceria.
Outra pesquisa, a Datafolha diz que 70% da população aprovam a isenção no IR para salários de até 5 mil e 77% aprovam a cobrança para quem acima de 50 mil, que não seja salário, já tributado.
É bom lembrar que em 2018, lançado na corrida eleitoral em cima da hora do 1º turno, o atual ministro da fazenda, coordenador do pacote fiscal, foi para a disputa do 2º turno contra Bolsonaro e em 2 semanas conseguiu dar um capote de 2 por 1 no oponente, mesmo não sendo suficiente para virar o jogo, mostrando competitividade.
Os próximos 22 meses se apresentam como desafiadores para a comunicação do governo federal como vetor mais importante para Lula ou Haddad, como prováveis combatentes do bem, passarem a régua e fecharem a conta.
No chiqueiro de porcos de mentores de mais um golpe de Estado, explode sempre mais um escândalo característico. Dessa vez vem lá da marinha cujo comandante patrocinaria o golpe, quem sabe, para encobri-lo, como tantos outros; pagou quase R$ 4 milhões de pensão a uma mulher morta, mas a filha usava o dinheiro.
Por quase 20 anos pagou pensão militar a uma mulher que já havia falecido, sem perceber.
Para que ninguém esqueça e que jamais aconteça: o moralista sem moral almirante Almir Garnier foi o único comandante das 3 armas fechado com os golpistas.
Recuperado e em atividade, Lula foi contemplado ontem com aprovação de texto do Pacote Fiscal na Câmara dos Deputados com 324 votos sim, 123 não e 3 abstenções.

* Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político