Ocupantes da Cabrita sofrem novo despejo

Milton Alves Júnior
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Depois de dois conflitos registrados em menos de dez dias, famílias que ocupavam um terreno público no povoado Cabrita, no município de São Cristóvão, decidiram deixar a área sem maiores intrigas com agentes da Polícia Militar que estavam em um contigente de 120 profissionais. Observados de longe pelos militares, e auxiliados de perto por líderes do Movimento dos Sem Terra (MST), os invasores que residiam no local há mais de 20 anos começaram a desmontar os barracos construídos de plástico e pedaços de madeira e seguiram em cortejo para uma região próxima à Rodovia João Bebe Água. Entre os defensores estava o deputado estadual pelo PT, João Daniel, também líder do movimento em Sergipe.

Ao contrário dos últimos dois embates sociais, na manhã de ontem representantes do Conselho Tutelar e da Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social e do Trabalho (Sedest), do município de São Cristóvão, estiveram no local a fim de dialogar com os moradores. Apesar de a retirada ter ocorrido no final da manhã, por volta das 11h, o grupo garante que ainda possui a esperança de a justiça conceder liminar favorável aos habitantes, e contra a Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso), responsável por requerer a saída das famílias. Para o deputado Daniel, que foi recentemente eleito deputado federal, o recuo das pessoas serve como proteção enquanto a justiça não se manifesta contra, ou a favor da Deso.
"Faço parte do MST e meu mandato é comandado pelos interesses do homem do campo, por isso que sempre estive ao lado dessas famílias que possuem direito de permanecer na área. Depois de 20 anos estão tentando tirar essas pessoas daqui se sequer apresentar contrapropostas. Aqui era produzido alimentos até isso as máquinas destruíram, infelizmente", disse.

Ainda de acordo com o parlamentar, é preciso que todas as determinações judiciais sejam atendidas de forma integral para que não resulte em efeitos contrários às ideologias do grupo. Questionado sobre a situação habitacional das crianças e idosos, em especial, João Daniel garantiu que mobiliza gestores públicos e parlamentares para que não permitam que injustiças prejudiquem a vida de dezenas de pessoas. "Estamos sensibilizados com toda essa situação lamentável, principalmente porque aqui tem muitas crianças e idosos. Pessoas que cresceram e se criaram aqui na Cabrita. Estou do lado dessa minoria e estamos trabalhando para que a justiça social seja feita para todos eles", pontuou.
Conforme números da Secretaria Municipal de Assistência Social de São Cristóvão, até a manhã de ontem cerca de 40 famílias que não foram contempladas com programas sociais de habitação, residiam no local até então sem nenhum impasse da Deso. Esse número representa quase 130 pessoas. Ainda de acordo com a pasta administraria, das 40, sete famílias já haviam requerido amparo habitacional junto à prefeitura.

Segundo informações oficiais apresentadas pela Prefeitura de São Cristóvão, no último levantamento estratégico realizado pela administração local ficou constatado que parte daquelas famílias possuem opções de paradeiro familiar caso fossem despejadas por ordem judicial. Para a assistente social Mirilene Rodriguez é preciso diálogo para evitar erros irreparáveis. "A prefeitura de fato tem se mostrado interessada em atender o pleito das famílias, mas durante todo esse tempo só cinco ou sete nós procuraram. Infelizmente com essa determinação judicial recém apresentada fica difícil resolver os problemas na rapidez que eles desejam. Continuamos à disposição para conversas", afirmou.
No início da noite de ontem a assessoria de comunicação do deputado João Daniel garantiu que permanece atento ao andamento judicial a fim de buscar soluções imediatas para as famílias que, de fato, necessitem de benefício junto aos programas de habitação popular.