Quarta, 15 De Janeiro De 2025
       
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ODS 1 – Erradicação da pobreza


Publicado em 28 de janeiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se


A questão da pobreza é um tema central de economistas de análise de muitos economistas. Particularmente tenho um olhar especial sobre o tema, pois entendo nas minhas formações, em especial, a de economista, que este é o principal desafio que temos em nossas vidas.
Assim, a minha abordagem deste ensaio será sobre o ODS 1 que trata de acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Acabar com a pobreza é acima de tudo acabar com a fome e garantir a segurança alimentar e uma nutrição adequada para a população mundial.
Registro que ODS é a sigla para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que fazem parte da chamada “Agenda 2030”. Trata-se de um pacto global assinado durante a Cúpula das Nações Unidas em 2015, pelos 193 países membros. A agenda é composta por 17 objetivos ambiciosos e interconectados, o objetivo 1 é o tema desta minha análise.
Destaco que em uma entrevista recente para a ONU News Francês, o relator especial sobre pobreza extrema e direitos humanos das Nações Unidas, Olivier de Schutter, apontou que viver na pobreza inclui várias dimensões muitas vezes ignoradas em debates mais amplos.
Ainda de sua entrevista ressalto, a intenção de trazer o significado do que é ser pobre. Para Olivier de Schutter, ser pobre não é apenas ter pouca renda e falta de acesso a um trabalho digno, mas também sofrer humilhação, maus tratos sociais e institucionais por parte dos serviços do Estado e de administrações públicas. Segundo Olivier de Schuter as pessoas em situação de pobreza destacam suas experiências com estigma, discriminação no acesso ao emprego, habitação, cuidados de saúde e educação. E por fim, ele acredita que para erradicar a pobreza é preciso “uma sociedade mais inclusiva, que troque caridade por direitos.”
A nossa contradição de pobreza e insegurança alimentar é que contrariando a teoria do economista inglês, Thomas Robert Malthus (1766-1834), de que faltaria alimentos para sustentar o crescimento populacional da humanidade, pois na visão de Malthus, enquanto a população crescia em progressão geométrica, a alimentação crescia em progressão aritmética, hoje temos comida mais do que suficiente produzida para alimentar cada um de nós. No entanto, até 828 milhões de pessoas permanecem cronicamente desnutridas.
Além desta questão, temos mais contradições, pois se a desnutrição, está cobrando um preço alto em países desenvolvidos e em desenvolvimento, com a existência de nanismo – baixa estatura para a idade, temos por outro lado, mais de dois bilhões de adultos, adolescentes e crianças que estão obesos ou com sobrepeso. As consequências destas duas situações são graves para a saúde pública, para a riqueza nacional e para a qualidade de vida dos indivíduos e das comunidades.
Mesmo que tenhamos na atualidade alimentação suficiente para a humanidade, existe um limite que precisar ser compreendido, pois inicia-se a diminuição da disponibilidade de terras; o aumento da degradação do solo e da biodiversidade; e eventos climáticos mais frequentes e severos, reduzem a nossa capacidade de produção de alimentos. Mas como estamos estabilizando o crescimento populacional, entendo que por enquanto este lado da equação é mais fácil de ser solucionado.
A grande questão é como conseguir apresentar políticas públicas que sejam capazes de garantir o direito de se alimentar com dignidade, destacando que o direito à alimentação é um direito humano internacional, com o qual muitos países estão comprometidos. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), nas últimas décadas, vários países desenvolveram e implementaram emendas constitucionais, leis nacionais, estratégias, políticas e programas que visam o cumprimento de todos os direitos à alimentação.
Antes de concluir com uma das diversas sugestões que podem ajudar no cumprimento do ODS 1 – Erradicação da Pobreza, quero referenciar a minha inspiração intelectual que uso para tratar de referido tema que o cientista brasileiro, Josué de Castro (1908-1973), ele foi médico, nutrólogo, geógrafo e professor, nascido em Recife. Ele publicou uma extensa obra, sendo a principal, na minha opinião, Geopolítica da Fome, esta obra que tive a oportunidade de ler quando elaborava minha tese de doutoramento em Geografia, denúncia para o mundo, o drama mais trágico da humanidade, a pobreza e a fome.
Eu acredito e percebo que ocorreram progressos no combate à fome e à insegurança alimentar, mesmo com os desafios significativos de atender às necessidades de milhões de famintos hoje e de uma população mundial em rápido crescimento. Porém, a questão dos preços de alimentos mais altos e voláteis retardaram ou até reverteram o progresso na redução da insegurança alimentar em muitos países. Infelizmente, a minha percepção é de que os preços dos alimentos provavelmente permanecerão relativamente altos e a volatilidade dos preços deverá se tornar mais comum no futuro.
Então temos muito a fazer, mesmo sabendo que os desafios atuais e futuros são diferentes dos do passado, as respostas aos novos desafios podem se basear nas lições aprendidas e nas experiências adquiridas. Assim, precisamos de sistemas de governança eficazes e do envolvimento de muitas partes interessadas em todos os setores, não somente o público, mas também o setor privado e demais organizações da sociedade para que possamos alcançar o ODS 1.

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