O ACIDENTE OCORREU ONTEM DE MANHÃ
Operários acompanham resgate do corpo de colega
Publicado em 20 de julho de 2013
Por Jornal Do Dia
O ACIDENTE OCORREU ONTEM DE MANHÃ
Operários acompanham resgate do corpo de colega
Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
O mestre-de-obras Antônio Evangelista de Souza, 59 anos, funcionário da Construtora Celi, morreu por volta das 8h30 de ontem, após ser atingido por um fio de média tensão que rompeu na Rua Francisco Gumercindo Bessa, bairro Jardins (zona sul de Aracaju). O acidente aconteceu em frente à construção do condomínio Première Residence, onde a vítima trabalhava. O fio, que tinha uma carga de energia elétrica equivalente a 13 mil volts, arrebentou depois de ser provavelmente atingido por uma barra de ferro que caiu da obra. As causas do acidente, no entanto, serão apuradas pela Polícia Civil e pela Energisa.
Antônio, também conhecido como "Tota", trabalhava na Celi há oito meses e era responsável pela coordenação dos trabalhos dos operários na obra. Ele estava com outros quatro colegas na calçada, despejando materiais na caixa de entulho, quando foi surpreendido por uma das pontas do fio, que o tocou pelas costas. A descarga elétrica foi muito forte e fez o operário cair, mas por cima da mesma ponta. Os colegas correram para escapar do fio e depois tentaram socorrer o mestre, mas foram orientados a não tocar nele, pois havia o temor de que também fossem atingidos pelo choque. Chovia forte no momento do acidente e isso aumentou ainda mais os riscos.
Os operários e os vizinhos acionaram a Energisa e o Samu para que a fiação fosse desligada, mas Antônio morreu antes da chegada do socorro, não resistindo a uma parada cardíaca. A primeira informação passada é de que um curto-circuito teria estourado o fio de média tensão, causando seu rompimento. "O cabo se partiu sozinho. Infelizmente, foi uma fatalidade que aconteceu na hora que eu estava chegando. O cabo ‘torou’ (sic) e ele estava passando por baixo na hora. Poderia ter acontecido comigo, se eu tivesse parado o carro no mesmo local, o cabo podia ter pegado em mim também", disse um representante da construtora.
A hipótese de curto-circuito foi logo contestada por outros operários, testemunhas da vizinhança e pelo Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil (Sintracon). Eles sustentam que uma barra de ferro pesada caiu do alto do prédio em construção, bateu na fiação e rompeu o cabo de média tensão. "Eu achei um pouco incrivel um fio desses se romper por nada. Mas já tive informação pelo pessoal do prédio ao lado que viu uma barra de ferro cair e bater na rede de alta tensão", disse o presidente do Sintracon, Raimundo Reis. Alguns eletricistas ouvidos no local do acidente também descartaram o curto-circuito ao afirmar que as pontas do fio rompido não estavam chamuscadas ou queimadas, mas sim cortadas.
A área do edifício em obras foi isolada pela Polícia Militar durante os trabalhos de técnicos da Energisa e peritos do Instituto de Criminalística. Em seguida, o corpo foi recolhido ao Instituto Médico-Legal. A barra de ferro não foi encontrada e, segundo testemunhas, teria sido recolhida pelos próprios funcionários. A morte de Antônio foi presenciada pelo seu único filho, que também trabalhava na Celi e era colega do pai na mesma obra. A esposa dele também é funcionária da construtora e foi avisada da tragédia ainda no serviço.
A direção da Celi prometeu dar total assistência à família da vítima e colaborar com as investigações do caso. Já o Sintracon anunciou que vai pedir uma fiscalização mais rigorosa do Ministério Público do Trabalho (MPT), por se tratar do quarto acidente de trabalho com morte registrado desde novembro de 2012. Em nota, a Energisa informou que "levantamentos realizados concluíram que o cabo da rede se encontrava em perfeitas condições de uso" e que "maiores detalhes sobre o acidente estão sendo apurados, tanto pelas autoridades competentes quanto pela Energisa".