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CIRO GOMES, O TIRADOR DE LEITE ATRAPALHADO


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Publicado em 17 de junho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Rômulo Rodrigues

Nos tempos de moleque – como era chamado todo adolescente – no sertão de Caicó, contavam a história de um filho querido de um grande fazendeiro, que convenceu o pai que tinha que ser ele único tirador do leite da vaca adquirida na exposição e afamada por produzir 40 litros do ouro branco na tirada da manhã.
O pai, assim como Zé Leôncio do Pantanal, viu no pedido do garoto um gesto de querer provar que ali estava um Leôncio de prima estampa e cedeu-lhe a primazia.
Em parte, o garoto se saia bem e logo provou que era capaz de tirar direitinho todo o leite que a vaca acumulava entre uma tirada e outra e sempre conseguia encher o balde para deleite do orgulhoso pai.
Acontece que, logo após encher o balde o desajeitado rapaz tropeçava ao tirar a peia da vaca premiada e derramava todo o leite tirado.
Traspassando o tempo e deixando a vaca premiada e o tirador atrapalhado para trás, estamos diante de um personagem da vida política que parece querer ressuscitar, ou reviver o aprendiz de tirador de leite.
Ciro Gomes é um homem bastante talentoso e afoito que quer provar ao povo brasileiro que poderá ganhar uma eleição presidencial, de balde cheio, e receber de presente a cela de prata em forma de faixa presidencial.
O problema com ele, é que, em 2018, logo após uma boa tirada, de votos, ele foi capaz de entornar o balde e perder a chance de se fixar como alternativa, como bom protagonista.
Antes disso, Ciro já havia disputado a eleição de 1998, ficando em terceiro lugar, atrás de Lula, derrotado pela terceira vez seguida com 31,71% e Fernando Henrique Cardoso, reeleito em primeiro turno, com 53,06% dos votos. Ciro teve 7% dos votos válidos, concorrendo pelo PPS, hoje Cidadania.
Em 2002, disputa novamente Pelo PPS e fica em 4º lugar, superado por Lula, Serra e Garotinho, mas conquistando 11,97% da votação.
Já acentuando bem sua inconstância partidária e dubiedade ideológica, o coronel do Ceará, volta ao palco da disputa presidencial em 2018, pelo terceiro partido, o PDT, e fica com o terceiro lugar com 12,97% dos votos, sua melhor votação, demonstrando um pequeno, mas constante crescimento em cada eleição disputada.
Parece que foi naquele momento que Ciro Gomes perdeu o tempo da bola e, em vez de ficar no Brasil para enfrentar a ameaça da chegada do fascismo ao poder, pelo voto, preferiu se omitir de suas responsabilidades de um líder em ascensão, mesmo que lenta, e se mandou para Paris.
A versão que viralizou nos cantos e recantos das veredas políticas, é que a fuga de Ciro Gomes teria sido decisiva para a vitória de Jair Bolsonaro sobre Fernando Haddad no segundo turno de 2018.
Parece um exagero dos apressados analistas que gostam de apontar sempre um culpado para as catástrofes.
De qualquer forma, Ciro perdeu muito com sua fugida para a Cidade Luz; perdeu a chance real de ser a terceira via ou, uma segunda via de centro esquerda, começando a pré-campanha de 2022 num patamar percentual nada desprezível. Deve ter muita gente que o cerca e aguenta calado seu mau humor e só aconselha quando tem uma brecha, a não olhar no retrovisor.
Se tem; é mau conselheiro porque, no caso, no retrovisor, com certeza enxergaria a figura de Eduardo Campos quase ultrapassando Aécio Neves em 2014, não fosse o trágico que lhe tirou a vida num fatídico 13 de agosto; e no lugar, sua figura ultrapassando Jair Bolsonaro e trazendo para a conjuntura política eleitoral, um debate real sobre um programa de desenvolvimento para recolocar o país como protagonista das agendas mundiais, nas reuniões de cúpula das América, G7+1 e G-20.
Mas, o que vemos, é uma quase e lamentável história como o triste fim de Policarpo Quaresma, com o agravante de um personagem tão rico de conteúdo, estar cavando sua própria sepultura.
E o PDT, quem diria, vai cumprir a triste sina de carregar um caixão de um defunto vivo e com ele enxovalhar os passados de glórias de Leonel Brizola e Darcy Ribeiro e acabar melancolicamente no Irajá?

Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político

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