**PUBLICIDADE
Publicidade

CULTURA E REPRESENTAÇÃO POR STUART HALL


Avatar

Publicado em 14 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

No limiar dos anos 60, do século XX, ele e teóricos como James William Carey (1934-2006) revolucionaram as ciências humanas e sociais com a fundação dos estudos culturais no Reino Unido com reverberações para outras partes do mundo. Natural de Kingston, no dia 3 de fevereiro de 1932, Stuart Hall entre os anos 1964 e 1979 fez parte do corpo docente e administrativo do Centro de Estudos de Cultura Contemporânea da Universidade de Birmingham.De 1979 a 1997, foi professor de sociologia na Open University, onde se aposentou com 65 anos de idade, tendo sido reconhecido como Professor Emérito daquela instituição até o seu falecimento, em Londres (Inglaterra), no dia 10 de fevereiro de 2014, aos 82 anos de idade.
Entre as principais contribuições de Stuart Hall é a “compreensão da cultura como instrumento de dominação”, introduzindo discussões em torno de gênero, raça e feminismo, por exemplo, além do impacto da mídia nas representações culturais e nas práticas culturais e sociais.É autor de inúmeros livros, entre eles “Cultura e Representação”, de 2016, organizado por Arthur Ituassu.
Para Arthur Ituassu (PUC-Rio), Hall foi essencial, sobretudo, nas áreas de comunicação e política do real. Contrário à ideia de reduzir a análise cultural à ideologia(as), Hal entra em cena, como o disse, nos anos 60, analisando os efeitos da mídia na sociedade, procurando refletir sobre o que a imagem representa. Aliás, a representação, passou a ser o seu conceito central. Não à ou ao modo das compreensões anteriores e o seu tempo, mas uma que “(…) se aproxima de uma perspectiva mais ativa e construtivista sobre o ato representativo, nos processos de construção social da realidade” (p. 1), grifos meus.
Assim, Stuart Hall se apresenta como um construtivista que procura perceber o “real” como uma construção, focado numa noção de representação como um ato criativo, referindo ao que as pessoas pensam do mundo, por exemplo, à luz de uma espécie de “interrogatório da imagem”: “(…) os estudos culturais de Stuart Hall procuravam sair da água e olhar o mundo do alto, para examinar o conteúdo da água (Ituassu, 2016, p. 11). Assim, ele procurava unir o construtivismo à teoria crítica, seja a partir da análise da imagem, seja a partir da análise das palavras.
Senhor de uma escrita leve, acessível e didática, e ao mesmo tendo tensa e profunda, Hall conceitua de forma muito precisa e cirúrgica. Para ele, a noção de cultura diz respeito a “significados compartilhados” além de ser compreendida como um conjuntos de práticas, daí a ênfase dele na linguagem, uma vez que “(…) ela opera como um sistema representacional” (Hall, 2016, p. 18) Assim, entender e explicar como a representação realmente funciona está no cerne de seu trabalho.
Para Hal os significados culturais organizam e regulam práticas sociais (p. 20), o estudo da cultura ressalta o papel fundamental do domínio simbólico no centro da vida em sociedade (p. 21); de igual modo, os sentidos, como organizadores das práticas; a linguagem como “uma prática significante” (p. 24); perceber como ocorrem a elaboração e a circulação de significados (p. 25); a importância dos discursos e a construção do conhecimento (em nosso tempo, também o desconhecimento – fake news); o papel da representação, a prática da representação, a produção de sentido pela linguagem; a produção do significado dos conceitos; os sistemas de representação e as diferentes maneiras de organizar, agrupar e classificá-los (p. 35); a questão dos signos, dos significados e significantes; e o compartilhamento, apreensão e tradução dos códigos que dão sentido ao “real”, posto assim mesmo entre aspas, para enfatizar e ideação de representação, tão cara a Stuart Hall, cujo legado é de longe um dos mais importantes para quem tem na cultura o seu escopo teórico-metodológico e objeto de conhecimento.

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade