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DE CAETANO A PABLO, UMA SOFRÊNCIA SÓ


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Publicado em 13 de agosto de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

E foi dessa maneira que meu domingo se procedeu, na manhã em que um dos maiores nomes da música popular brasileira comemorava seus 80 anos de vida: comecei ouvindo seus principais sucessos, sem deixar de curtir “Leãozinho” (1977), claro, passando por Vinícius de Morais e fechando a conta do “Bar São José” com Pablo. Para os mais pudicos, não há nenhum cabimento de fazer uma homenagem a Caetano Veloso nessa pegada que eu resolvi dar a esta crônica. Mas, “dava vênia”, é assim que pretendo seguir.
Em 2007, eu e minha esposa tivemos a grata satisfação de prestigiar um show dele no Espaço EMES, em Aracaju. Com 65 anos, Caetano esbanjava simpatia e talento. Num dado momento do espetáculo, além da clássica dancinha, o cantor levantou a camisa exibindo seu corpo magro e de abdômen bem desenhado. Eu me senti muito privilegiado naquela noite, em poder vê-lo e ouvi-lo, a poucos metros de onde nós estávamos.
A primeira lembrança que tenho do som de Caetano Veloso é de tenra idade, acredito que na altura de meus oito a nove anos, quando , numa vitrola Philips, a primeira faixa, lado A, do disco “Vassourinha Elétrica” (1981), do Trio Elétrico Armadinho, Dodô e Osmar: “Caetano, Caetano (pout-pourri)”. Cinco minutos e dois segundos de música instrumental de qualidade, reunindo trechos das seguintes canções: “Atrás do Trio Elétrico” (1969); “Sem grilos” (1974), famosa na voz de Gal Gosta; “Um frevo novo” (1977); “Chuva, Suor e Cerveja (1977)”; e “A Filha da Chiquita Bacana (1977)”.
E assim se seguiram meus anos, com Caetano ali e aqui, com a Tropicália, com os Doces Bárbaros, com Chico Buarque, com Gilberto Gil. Em músicas de festivais, de rock, de protesto, sobre o Rio de Janeiro e sobre a Bahia, de carnaval, em cima do trio elétrico, ele mesmo um trio (Caetanave, Tapajós, 1972), Samba-Enredo da Mangueira de 1994 – “Atrás da Verde Rosa só não vai quem já morreu”; e tema de samba-enredo da Paraíso do Tuiuti – “O mais doce bárbaro” (2011). E romantismo, muito romantismo, como em: “(…) um amor assim delicado, você pega e despreza” (Queixa, 1982); ou ainda: “Você é linda / Mais que demais / Você é linda sim / Onda do mar, do amor / Que bateu em mim” (Você é linda, 1983).
E eis que ele volta a ser trilha sonora de minha vida, mais precisamente, em 1998, ano de meu casamento com a professora Patrícia Monteiro, com o célebre CD ao Vivo, “Prenda Minha” (1999), com destaque para a faixa 11, “Sozinho”, de autoria de Peninha (1997).Diante do sucesso de “Sozinho”, lá se foi o Caetano ousar regravar, em 2003, outro hit ainda mais popular, para não dizer, sem ser pejorativo, “povão”. Refiro-me à “Você não me ensinou a te esquecer”, famosa na voz de Fernando Mendes, também um de seus compositores, em 1978. Anos antes, em 1973, Veloso fez um dueto histórico com Odair José, no famoso festival “Phono 73, o canto de um povo”, interpretando a canção “Eu vou tirar você desse lugar”.
Mas, Claudefranklin: o que há de comum nisso tudo – Caetano, Vinícius e Pablo? Sofrência, minha gente! Muita sofrência. Dor de cotovelo para nenhum bar por defeito. Do banquinho e violão ao boteco, do trio aos palcos, da caretice à irreverência, a representação da vida no que ela tem de melhor: amar e ser amado, correspondido ou não, empunhando uma cerveja bem gelada e gritando para o rapaz (senhorzinho) de Santo Amaro-BA: “Estou aqui!”

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