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Lei da compensação


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Publicado em 05 de julho de 2012
Por Jornal Do Dia


* Rômulo Rodrigues

Os coronéis políticos José de Arimatéia e Pedro da Quixabeira eram, alem de compadres de ida e volta aliados políticos inseparáveis daqueles, bateu num, trincou o outro. Zé de Arimatéia era um pouco mais poderoso na quantidade de terras, cabeças de gado e votos que o compadre, mas, a diferença dos dois para os demais era grande.

Coronel Arimatéia, ainda por cima, era pai de Maria do Socorro, considerada mais bonita que um paiol cheio de espiga de milho verde. Filha única, afilhada do coronel Quixabeira, pai de Zequinha, afilhado de Arimatéia.

Criados juntos frequentando missa de domingo, procissão, festas de padroeira e campanhas políticas, os meninos cresceram com preferências diferentes das que os pais alimentavam para os dois. Zequinha sempre alimentou o desejo de dar continuidade à aliança política dos pais, colocando uma de ouro na mão de Socorro, que por sua vez sonhou a vida toda com a chegada de um príncipe encantado vindo da capital.
O sonho, em parte, realizou-se com a chegada de um jovem e garboso oficial do exército que veio do Rio de Janeiro servir no batalhão de engenharia e construção, sediado em Caicó, que logo decifrou o sonho da moça brejeira e engatou namoro, a contra gosto dos pais, e comentado à boca miúda pelas beatas e fuxiqueiras.

O tenente, que estava só cumprindo estágio, logo se foi, mas, antes de se mandar, buliu com Socorro e a deixou desencantada e na iminência de cair na boca do povo.

Segredo guardado debaixo de sete capas e impotente para enfrentar o exército brasileiro, mas, cheio de sabedoria matuta, coronel Arimatéia valeu-se do compadre para ajeitar as coisas acertando o casamento de Socorrinha com Zezinho para o bem das famílias, das cabeças de gado e dos votos futuros. Foi uma cerimônia para deixar o coronel Antônio Bento morrendo de inveja. Presentes estavam governador e vice, senadores, deputados federais e estaduais, prefeitos, bispos e padres de mais de 20 Paróquias. Lá para tantas o coronel Arimatéia chega próximo ao compadre, dá um abraço apertado e sussurra no ouvido: Compadre, o bom da vida é quando tudo tem sua compensação. Veja, seu filho me atendeu quando eu mais precisei, mas, em compensação vai ser feliz pro resta da vida.

Quixabeira mansamente retrucou; essa compensação é diferente, compadre. Meu filho limpou a honra da afilhada, mas, em compensação sujou a dele!
Foi exatamente a interpretação da lei da compensação do Coronel Quixabeira que prevaleceu na aliança feita em 2010 entre o bloco do governador e a holding partidária que hoje volta ao seu berço natural.

Quando a imprensa noticia que o "ceo" do grupo afirmou que os pré-candidatos fritados durante meses não sentiram as queimaduras do óleo quente porque tinham votado no Dr. João em 2010, cai a máscara que só eles usavam, porque a rádio peão já noticiara o fato antes dele se consumar.

Na cenografia dos tempos de Cinema Paradise, inventávamos títulos para enganar os bestas como: Poeira em alto mar, O Navio que naufragou no deserto e muitos outros.

De todos, o que virou realidade foi este rodado entre 2010 e 2012, na política Sergipana. "A volta dos que não foram".

* Rômulo Rodrigues é militante político

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