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LIDERANÇA E AMIZADE


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Publicado em 21 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Manoel Moacir Costa Macêdo

A vida universitária é uma síntese de valores e experiências. Momento histórico que agrega juventude, sonhos, afirmações e frustrações. Conjunto material e pós-material de sentidos. Junção do profano e do sagrado. No dizer da dialética: “tudo a interferir em tudo”. Realidade passada na cronologia inexorável do tempo. Registros da vivência universitária na década de setenta na Escola de Agronomia da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Contradições e esperanças. Marcas profundas. Nem os desafios profissionais e superposições universitárias, apagaram as vivências grudadas onde tem carne e espírito.
Entre as referências duradouras do curso de engenharia agronômica, são a amizade e o afeto dos colegas, professores e funcionários. Elas ultrapassaram o ambiente da universidade para perpetuar na vida. Olhando pela história de quase meio século passado, as trajetórias acomodaram os interesses, a política, e identidades. Formados numa quadra de efervescência social e política. Experiências e riscos. Sociedade rural e atrasada. Vantagens à individualidade e desprezo ao coletivo.
A rotina no campus universitário isolado no interior, exigia habilidades para ser parte ativa e visível. Teste de fogo para juvenis interioranos, inexperientes e inseridos na seletiva universidade pública. Reações aos códigos dominantes, era o suficiente para isolamento e alcunhas impronunciáveis. Incentivo às aproximações defensivas em grupos, tribos, agrupamentos e repúblicas afins. As relações pessoais eram limitadas aos poucos colegas do quarto alugado e selecionados CDFs. Cabiam com folga nas mãos. Ultrapassaram os longos anos, para continuarem pela vida. Amizades para sempre. Destaco entre outras, uma delas: Gutemberg Guerra. Líder servidor, bem criado da grande prole de Dona Estherdo “não se astreva” e de Seu Armando de “já vi um”. Trouxe com ele a educação familiar e religiosa de soteropolitano nascido no bairro negro da Liberdade e da vizinhança juvenil com Dodô e Armandinho do nascente trio elétrico na bucólica Ribeira.
Inexplicável mudança da Capital para o interior e do urbano para o rural.Os irmãos optaram por arquitetura, medicina e história entre outras carreiras universitárias. As adaptações foram previsíveis e vencidas. Generoso na música, na poesia e no teatro. Diligente nas tarefas acadêmicas e corajoso na política, incluindo as aproximações clandestinas. Ungido na igreja católica e nos movimentos sociais de resistência democrática. Traduziu a sua liderança no curso de agronomia pelo diretório acadêmico Landulfo Alves, nos diálogos pacientes e acordos nas assembleias estudantis. Orador oficial do discurso censurado na formatura e fatiado entre oradores improvisados no baile social.
Convivência renovada em mais de quatro décadas. De jovens estudantes à maturidade adulta. Corremos o mundo e nele nos encontramos. Partimos de Cruz das Almas e jamais nos afastamos. Passagens ora alegres, ora tristes, mas sempre sábias. Alagoinhas, Salvador, Condeúba, Brasília, Belém, Marabá, Paris, New York, Viçosa, Campinas, Brighton e Aracaju. Nem no Velho Mundo dispersamos. Encontros na França libertária e na Inglaterra imperial. Gutemberg, é maior que o dito. Superlativo no destino e nas tiradas da vida. Paixões amorosas apimentadas nas festas populares soteropolitanas e no bar Quintal do Raso da Catarina locado no histórico prédio da AEABA – Associação dos Engenheiros Agrônomos da Bahia.
Dizia que “juventude não se poupa, se gasta”. Adiante, na sábia tolerância de líder maduro ensinava que “cabeça de gente, é terra que ninguém anda”. Agora no refúgio merecido de professor universitário, aflorou o ser caridoso e adotivo de dois menores, abençoado pela da magia da floresta amazônica e de sua santa Nazaré, colega do mestrado nas Minas Gerais. Mais uma liga da amizade. Em tempo recente, afirma que “ser de esquerda ou de direita é mais uma questão de circunstâncias do que de princípios”.
Gutemberg Armando Diniz Guerra. Gute para os próximos. Gutemberg Guerra para muitos. O Grande Gutemberg para todos. Maior que esses escritos e as limitações do autor. Gigante nos feitos, ser humano ímpar, amigo leal, profissional engajado e reconhecido acadêmico das ciências agrárias e do desenvolvimento rural. Não olvidei do poeta, contista e romancista dos melhores.

Manoel Moacir Costa Macêdo é engenheiro agrônomo.

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