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O BARALHO DA ELEIÇÃO DE SERGIPE ESTÁ SENDO TRAÇADO


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Publicado em 02 de junho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Rômulo Rodrigues

O mês de maio chegou ao fim com o cumprimento de mais uma etapa do calendário eleitoral chamada de federações partidárias para as disputas de deputados federais, estaduais e distritais, ficando de fora as coligações majoritárias.
Em Sergipe, há sinais de que pode se consolidar um fenômeno que já aconteceu em outras épocas e em outros estados há bastante tempo uns e há pouco tempo outros.
Vamos aos mais longínquos no ano de 1960. Naquele tempo as eleições de presidente da República e governador do Rio Grande do Norte coincidiram por serem de mandatos de 5 anos e dois fenômenos eleitorais indicaram logo cedo que seriam imbatíveis, como de fato foram.
Desde cedo já se sentia nas manifestações espontâneas na maior pluralidade que Jânio Quadros, da coligação PTN-UDN, seria o vencedor e o vice-presidente seria João Goulart, da coligação PSD-PTB.
No Rio Grande do Norte, a coligação de Aluízio Alves com Monsenhor Walfredo, uma dissidência da UDN com o PSD, confirmou todos os prognósticos que se ouvia nas feiras livres, contadas por feirantes, tocadores de viola e cantadores de versos de cordéis, assim como camelôs de remédios, chamados de homens da cobra.
Todo esse sentimento popular foi confirmado nas urnas, mas deixou um gosto amargo nas bocas dos eleitores que confiaram no homem da vassoura, que iria varrer a corrupção.
A esperança durou pouco, acabou em 24 de agosto de 1961, com a renúncia de Jânio, e o Brasil começou sua caminhada rumo às trevas e, ainda hoje, vivenciamos as consequências daquele gesto tresloucado.
No Rio Grande do Norte, o fenômeno eleitoral deu certo, o eleito terminou seu governo e ainda elegeu seu companheiro de chapa como sucessor, derrotando o ex-governador Dinarte Mariz.
Apesar do golpe militar já ter acontecido, em 11 estados foram realizadas eleições para governador e Monsenhor Walfredo obteve 54,94% dos votos, contra Dinarte Mariz que teve 45,06%. Um detalhe, os seguidores do Monsenhor do PSD, empunhavam bandeiras verdes, enquanto os de Dinarte, da UDN, defensor do golpe militar e ferrenho anticomunista, empunhavam bandeiras vermelhas.
Voltando ao tema do que foi caracterizado fenômeno eleitoral, na eleição para prefeito de Natal, RN, em 2008, a jovem deputada estadual, do PV, Micarla Souza, já iniciou o ano com a favorita na boca do povo e durante o carnaval da praia de Pirangí do Norte, no município de Parnamirim, tida como praia do sul da capital potiguar, o nome de Micarla já explodiu como uma quase unanimidade, e ela foi eleita em 5 de outubro com 50,84%, vencendo a deputada estadual Fátima Bezerra, PT, que teve 36, 82%.
Micarla foi uma grande decepção na governança de Natal e no final do mandato foi afastada pelo TRE-RN, sob acusações de corrupção.
A trajetória da governadora Rosalba Ciarline, DEM, não foi diferente, eleita com 52,46% dos votos no primeiro turno, chegou ao fim do mandato sem ter condição de concorrer à reeleição por falta de apoio político.
Sergipe vive um momento eleitoral que tem semelhanças com os exemplos citados, pois tem um pré-candidato a governador que desponta como detentor de uma espontaneidade que não pode ser ignorada pelos três concorrentes cosmopolitas Rogério Carvalho, Fábio Mitidieri e Alessandro Vieira.
Valmir de Francisquinho enfrenta no momento uma batalha na justiça eleitoral que poderá tirá-lo da disputa, ou fazê-lo concorrer na base da incerteza.
Caso consiga ir até o fim da jornada, vai acrescentar às virtudes que saem das bocas dos feirantes da região de Itabaiana; que já estão com apostas casadas, gente de Ribeirópolis, Carira, Malhador, São Domingos, Campo do Brito e até de Lagarto e Malhador; ainda poderá acrescentar algo que, se bem explorado, vai dar substância para ganhar mais simpatia do povo; o vitimismo do tabaréu, perseguido pelas elites políticas; por ser um homem do povo, que anda pelas feiras livres cumprimentando um a um o eleitorado.
Valmir parece estar fazendo brotar um populismo mais refinado, com um misto de simplicidade que traz o povo para o centro da decisão política, sem ter o apadrinhamento dos poderosos de estado.
Mas, com uma previsão de algo em torno de um milhão e cinquenta mil votos válidos e um grupo de 4 concorrente que poderão abocanhar uns 70 mil votos, ficam uns 980 mil para a disputa dos outros 4 concorrentes e quem chegar a colher 350 mil no roçado das urnas, vai ao segundo turno de barriga cheia.

Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político.

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