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O silêncio dos culpados


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Publicado em 14 de julho de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Rômulo Rodrigues

O assassinato ocorrido na virada na cidade de Nova Iguaçu, PR, caracteriza mais um passo na escalada de violência fascista apoiada pelo governo federal, pela conivência dos que convenientemente fazem silêncio; a grande mídia brasileira e seus derivados.
O momento é de relembrar com muita tristeza e apreensão o que disse o então vice-presidente da república Pedro Aleixo, quando o ditador de plantão Costa e Silva, acabara de editar e publicar o famigerado AI-5, em 13 de dezembro de 1968: “O perigo maior de um ato institucional como este, não está em quem o assina; mas, no guarda da ponta da rua de um povoado distante, qualquer, que resolve interpretá-lo ao seu modo”.
Passados quase 54 anos, a inquietude do político mineiro, tantas e quantas vezes provada, foi novamente posta a prova por quem nem havia nascido àquela época, por um discípulo e intérprete, manifestando sua obediência cega aos discursos de ódio do presidente cessante, ao que o mestre ordena em seus comícios diários.
Um drone despejando veneno em uma manifestação aqui, outro deixando cair fezes e urina em outra concentração ali, um tiro contra a janela de uma redação de jornal acolá e, por fim, um bárbaro assassinato praticado em nome da aberração humana.
O partido midiático, grande responsável por todas as tragédias, do golpe de agosto de 2016 até os dias atuais, logo saiu a campo para minimizar a barbárie e classificar o ato terrorista de Nova Iguaçu, como fruto de uma polarização.
Mentiras repetidas seguidamente para manter o gado confinado e obediente, sem nenhum sentimento e culpa e responsabilidade.
Verdade nua e crua! Não existe polarização; o que existe é a permissividade para que a barbárie se sobreponha à civilidade.
Qualquer pessoa de bom senso já percebeu que a violência praticada por um agente do Estado, travestido de autoridade, capaz de executar a lei suprema ditada pelo seu ídolo, e chefe, e pelo um filho boquirroto, horas antes do ato insano, contra um pacato militante político, sindical e social de pleno reconhecimento é, nada mais, nada menos, que a histórica percepção de Pedro Aleixo de que mais perigoso que um ditador de plantão é o fiscal de quarteirão da ponta da rua, quando resolve aplicar sua própria justiça.
E o pior ainda ficou mais evidente, com as reações e interpretações dos dois facínoras que ocupam os dois mais altos cargos da república ao deixarem claro em suas opiniões, que se houve um culpado, foi a vítima, que resolveu comemorar seu aniversário, com a temática da esperança que virá depois da eleição de 2 de outubro.
A demonstração explícita de que o general aposentado Hamilton Mourão é mais perigoso do que seu chefe hierárquico, deve ser interpretada pelos democratas de todas as correntes de pensamento, deve ser a de unir forças para varrer para um lixão não reciclável, derrotando-os nas eleições de 2 de outubro, em todos os níveis, para que a partir do próximo ano, nos livremos de todo mal, amém!
O presidente da República tripudiou sobre o cadáver de Marcelo Arruda e o vice- presidente disse que foi um ato isolado e que fechassem o caixão.
À tais atitudes repugnáveis, a grande mídia fez um cúmplice silêncio e tratou o caso como resultado de condenável polarização, fazendo de conta que não há causas e culpados, tentando como sempre, acobertar com suas deslavadas mentiras.
Não há e não houve polarização. O que há, é um governo militarizado, que dissemina o ódio e fez com que seu seguidor invadisse uma festa familiar de aniversário gritando “aqui é Bolsonaro”, com a nítida intensão de matar quem estivesse ao seu alcance, matando o aniversariante, que nem conhecia, e que, mesmo baleado e caído, evitou uma chacina.
O atestado de insanidade e incentivo à barbárie por parte do presidente cessante está patenteado no gesto dele de tentar cooptar familiares da vítima para darem uma entrevista coletiva para livrar sua barra.
Quem ainda apoia, ou simplesmente ignora esse tipo de comportamento abominável, não merece frequentar o mesmo convívio social com quem defende e pratica a civilidade.
Portanto, que todos entendam, de uma vez por todas; o país não está polarizado, quando se testemunha que apenas um dos lados está armado e sendo incentivado a praticar extermínios. A mídia silencia e distorce, porque está do lado dos que estão armados e, os imbecis, são os imbecis.

Rômulo Rodrigues, sindicalista aposentado, é militante político.

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