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Serve um Carlinhos Cachoeira, ou um Fernandinho Beira Mar?


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Publicado em 16 de junho de 2012
Por Jornal Do Dia


Gente, campanha de alto nível é aquela em que o povo, conhecendo os malfeitores e as quadrilhas organizadas, afasta-os do poder e da vida pública, pois o contrário é coonestar a corrupção, a roubalheira do dinheiro publico cuja consequência é a continuidade do caos que vitima adultos e crianças

* Almeida Lima

Na política já ouvi coisas do "arco da velha". Umas, de tão engraçadas, entraram para o anedotário. Já outras, por revelarem o baixo grau de politização, tornaram-se frustrantes e entristecedoras. Estamos às vésperas de uma nova campanha eleitoral, e muito será dito. Em tom sarcástico uns perguntarão: "e campanha serve mesmo para quê?" Outros, dirão: "Ih! Vêm aí as promessas, o festival de besteira e as baixarias".
A atividade política não é acreditada e não é assunto prioritário nas rodas sociais. O interesse continua sendo falar de negócios, do carro novo, da próxima viagem, da festa, enfim, da posição social que cada um ostenta.  Os maus políticos desejam que esse clima de desinteresse geral continue, pois, sozinhos, eles "nadam de braçadas" nos mares da coisa pública sem serem notados, cobrados ou fiscalizados. Para eles, quanto mais a sociedade distante da conversa política, melhor, e, enquanto isso, dorme a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que está sendo subtraída em tenebrosas transações.
É triste registrar, mas a sociedade, já há algum tempo, "caiu" nessa cilada perversa. Esse quadro precisa mudar e o povo entender que a política é uma atividade de primeiríssima necessidade. Um povo politizado tem massa crítica para compreender que qualidade de vida, por exemplo, se conquista com participação popular que leva às decisões políticas. Ora, quando uma casa comercial, no Lamarão ou na Treze de Julho, atende aos seus clientes com as portas lacradas com medo dos ladrões, é porque algo está errado e, nesse caso, é a política que vai mal e a responsabilidade é da própria sociedade que cometeu o equívoco de eleger o mau político.
Certa vez um personagem do filósofo Jean-Paul Sartre disse que "o inferno são os outros". Ele fazia uma alusão às pessoas que transferem para as outras a culpa pelo seu próprio erro, ou a responsabilidade pelo seu próprio fracasso. Ora pois, o governo que aí está não foi imposto, ele foi eleito. E não foi eleito somente pelo voto dos outros, mas pelo seu também. Se ele é ruim, devemos assumir a responsabilidade pela sua eleição.
Agora, pergunte a si próprio: "eu acompanhei a última campanha eleitoral?" "Eu procurei conhecer os candidatos e a sua vida pregressa?" "Eu dei a minha contribuição para um debate político amplo?" "Eu ou alguém denunciou os malfeitores e os corruptos?". "Ou eu apenas quis saber das propostas dos candidatos como se isso fosse o bastante?"; "Ou eu fui um militante alienado e apaixonado?"; "Ou eu votei por um emprego ou atendendo a uma conveniência estritamente pessoal?". Quem cometeu esses erros não pode agora dizer que "o inferno são os outros".
A minha pretensão é desmistificar a tese de que campanha eleitoral se faz, apenas, com apresentação de propostas e os repisados e enfadonhos "Programas de Governo" sobre saúde, educação, transporte, blá, blá blá…, e, através deles, o povo escolher o candidato. Quem defende essa "coisa ridícula" também afirma que criticar a história do adversário, ou fazer a exposição da sua ficha pregressa, ou mostrar o que ele fez de errado, ou o que ele deixou de fazer quando esteve no governo, é "baixar o nível" da campanha. Assim, os que ficam ensaiando essa ladainha querem mesmo é proteger os pilantras para que a população não conheça ou discuta as suas mazelas.
Essa gente que não defende o debate amplo e profundo, "cheia de não me toque" de mentirinha, que deseja que as pessoas não tomem conhecimento das práticas e comportamentos de cada um dos candidatos, a sua Folha Corrida com a ficha suja, são os mesmos que entendem que para prefeito de Aracaju serve um Carlinhos Cachoeira qualquer, ou até mesmo um Fernandinho Beira Mar da vida, desde que apresentem boas propostas de governo. Ora, ora…, se campanha de "alto nível" como propõem os que não desejam debate amplo, significasse apresentação tão somente de Programas de Governo, os governos de Sergipe dos últimos vinte e nove anos teriam dado certo. A verdade é que o PT desmoralizou programa de governo, a exemplo do que também fez João Alves, o eterno vendedor de ilusões, o engarrafador de nuvens.
Gente, campanha de alto nível é aquela em que o povo, conhecendo os malfeitores e as quadrilhas organizadas, afasta-os do poder e da vida pública, pois o contrário é coonestar a corrupção, a roubalheira do dinheiro publico cuja consequência é a continuidade do caos que vitima adultos e crianças. A falta de debate amplo é o desejo de esconder debaixo do tapete o lixo da história, como se o objetivo dela não fosse registrar as pessoas do jeito que elas são e se comportaram em vida.
A confrontação do comportamento político e pessoal do homem público é uma sabedoria legada pelos antigos gregos e romanos. A prevalecer essa tese malandra, que apaguemos a lanterna de Diógenes que procurava um homem sério; rasguemos as Catilinárias de Cícero; esqueçamos o Tratado da Intolerância de Voltaire, bem assim, as Cartas Chilenas de Tomaz Antonio Gonzaga que denunciava Fanfarrão Minésio, um governador corrupto, e, por fim, maldigamos Rui Barbosa que afirmou que "de tanto ver triunfar as nulidades…, o homem chega a ter vergonha de ser honesto".
A minha campanha para prefeito de Aracaju irá discutir o político e o seu comportamento ao manusear o dinheiro público, ainda que ladrem os cães, pois a caravana não vai se intimidar…

* Almeida Lima é deputado federal (PPS-SE). Foi prefeito de Aracaju e senador da República

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