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Um fenômeno americano


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Publicado em 28 de junho de 2012
Por Jornal Do Dia


* Rômulo Rodrigues

Uma campanha radical de direita sacudiu os Estados Unidos no início da década de 50 do século passado e tem seus reflexos, ainda hoje, na política brasileira. Trata-se do famigerado macarthismo ou simplesmente; caça as bruxas, que se iniciou como uma campanha anti-comunista desencadeada por um senador republicano pelo estado de Michigan, Joseph Maccarty, daí o nome.
O saldo negativo deste fenômeno é muito grande em termo de perseguições políticas e condenações, sem provas e sem direito de defesa.
Como nossos pistoleiros ideológicos são, por sobrevivência, imitadores de tudo que há de ruim na sociedade colonizadora americana, tal fenômeno foi amplamente utilizado no Brasil nas décadas de 50 e 60 passadas, sendo decisivo para o suicídio de um presidente, eleito pelo voto, e a implantação de uma ditadura militar.
Cinco décadas passadas, 2005, ele reaparece na grande tentativa de derrubar outro presidente eleito pelo voto popular, sob o disfarce de uma cruzada moralista contra a corrupção.
O tão propalado escândalo do mensalão, passados sete anos, ainda não produziu provas de culpa suficiente para condenar o principal alvo da mídia e da oposição que é o ex-ministro da Casa Civil de Lula, José Dirceu.
Em recente pronunciamento na tribuna da Câmara dos Deputados, o ex- relator da CPI dos correios, deputado Osmar Serraglio, ex-promotor de justiça, assim como Diógenes Torres, listou o que seriam provas contundentes contra o petista: 1) A época em que Dirceu era ministro (2003 – 2005), nada ocorria sem o beneplácito do super-ministro; 2) Roberto Jeferson (PTB), responsável por denunciar o esquema, confessa que tratou por mais de dez vezes do mensalão com Dirceu; 3) o publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do mensalão, afirmou que ouviu de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT que Dirceu deu aval aos empréstimos bancários que alimentaram o mensalão; 4) A mulher de Valério disse que Dirceu se reuniu com o presidente do banco rural para acertar empréstimos. Dirigentes do banco também são réus no mensalão; 5) Segundo Valério, Silvio Pereira, ex-secretário nacional do PT, lhe disse que Dirceu sabia dos empréstimos. O ministério publico diz que o mensalão foi alimentado por empréstimos fraudulentos do banco Rural; 6) A ex-secretária de Valério, Karina Somaggio, testemunhou que Valério mantinha contatos diretos com José Dirceu.
Semana passada o presidente Fernando Lugo, do Paraguai, foi cassado pelo senado, em rito sumário, segundo a mesma doutrina, mas, com metodologia de fabricação paraguaia, sem dar ao acusado o mínimo direito de defesa.
Por aqui, mesmo substanciados por argumentos subjetivos, como os de lá, o processo segue o rito do estabelecido nos preceitos do Estado Democrático de Direito.
Por lá, os argumentos dos golpistas são: 1) um governo considerado incompetente pela oposição; 2) responsável direto pelo massacre em que morreram 11 camponeses e 5 policiais; 3) contrariou os interesses dos produtores de soja; 4) subordinar as forças armadas aos ditames dos sem-terra de lá, e por aí vai.
Dois pontos em comum: 1) os pistoleiros ideológicos da imprensa, que fazem carga contra os petistas, são os mesmos que defendem o golpe paraguaio; e 2) os embaixadores do novo governo são recebidos com pompas pelos barões do agronegócio daqui, chefiado pelo senador tucano, Álvaro Dias.
O que Fernando Lugo não soube foi pedir a receita a Lula de como fazer aliança política.
A um líder, cabe a responsabilidade de consolidar alianças para não ser engolido pelo retrocesso.

* Rômulo Rodrigues é militante político

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