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UMA IGREJA EM CADEIRA DE RODAS: A SAÚDE DOS PAPAS


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Publicado em 21 de maio de 2022
Por Jornal Do Dia Se


Prof. Dr. Claudefranklin Monteiro Santos

Que o papa Francisco veio para ser um divisor de águas, penso que não haja mais dúvidas sobre isso. Que a Igreja Católica, com seu pontificado, se humaniza cada vez mais e se abre para ouvir e atender melhor as demandas do tempo presente, penso que seja outra assertiva ainda mais real, salvas as resistências conservadoras que a meu ver em nada ajudam para levar Cristo para as pessoas do mundo inteiro.
“O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade, meio em ruínas e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena. Ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho”. Este é um trecho da terceira parte dos segredos de Fátima, revelados desde 1917 aos pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco. “Andar vacilante”. Quem não se lembra daquela cena marcante do início da pandemia de COVID-19, na noite do dia 27 de março de 2020, em que o papa Francisco rezou sozinho numa praça de São Pedro vazia? Impossível não fazer algum tipo de relação com a profecia da Virgem Santíssima.
Dois anos depois, eis que ele aparece em público numa cadeira de rodas. Tratava-se de uma audiência com um grupo de feiras no Salão das Audiências do Vaticano, no último dia cinco de maio do corrente ano. E doravante tem sido assim as aparições públicas do papa Francisco, em razão de um problema crônico no joelho. Chama a atenção, apesar do rosto cansado e sinais de dores, a permanência do sorriso e dos olhos atentos em quem a ele recorre.
A trajetória dos papas começa com o apostolo Pedro, que era Simão e passou a assim se chamar e sobre a qual se edificaria a igreja de Jesus Cristo. Eis que aquele pescador entusiasta e falho, a ponto de negar o Mestre, torna a autoridade visível de Cristo sobre a Terra. Segundo Raphael Tonon: “Ele foi o escolhido dos Apóstolos, para ser a boca dos discípulos e o líder do coro” (2022, p. 19).
Embora a minha memória recente de papas seja a de São João Paulo II, meu interesse pelo assunto é de tenra idade, quando de minha companhia de meu irmão mais velho. Interesse esse que cresceu com a leitura do livro “As Sandálias do Pescador (1963)”, do escritor Morris West, depois adaptado para filme em 1968, com a brilhante participação protagonista de Anthony Quinn.
O efeito midiático se fez sentir desde a posse do papa Pio XII, em 12 de março de 1939, o primeiro evento a receber a atenção do cinema, por exemplo. Aliás, no dia 8 de setembro de 1957 ele publicou a Carta Encíclica Miranda Prorsus, sobre a cinematografia, a rádio e a televisão. A partir de então, a imprensa televisiva passou a cobrir os principais atos do Vaticano.
Apesar disso, a vida íntima dos papas sempre foi revestida de discrição e mistério, até o atentado do papa João Paulo II, na tarde do dia 13 de maio de 1981. Reparam no detalhe? Dia de Nossa Senhora de Fátima. São João Paulo II foi o primeiro papa a, sobretudo pela força da mídia, e até mesmo por sua resistência natural que o santificou, quem vimos ao vivo e de tempos em tempos piorando de saúde, cada vez mais encurvado e sofrendo a severidade do Parkinson.
O assunto chamou a atenção do pesquisador Nelson Castro, que em 2021 lançou o livro “La salud de los papas: Medicina, complots y fe. Desde León XIII hasta Francisco” (A Saúde dos Papas: Medicina, Conspiração e Fé. De Leão XIII a Francisco), ainda sem versão para o português. O olhar do médico e jornalista argentino se pauta pela “especulação, rumores e intrigas palacianas que atingem uma dimensão global”. Afinal, mais do que nunca o bem-estar dos papas, seja no mundo católico ou não desperta bastante interesse e coberturas da imprensa internacional.

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