Os Adidos Agrícolas do Brasil

O Ministério da Agricultura, Pecuária e  Abastecimento informou que no dia  24/04/2020, por videoconferência, a ministra Tereza Cristina, teve reunião com os 23 adidos agrícolas brasileiros que atuam em diversos países, para discussão dos cenários do setor neste momento de pandemia do novo Coronavírus e possíveis ações para a retomada da economia pós-Covid-19. Segundo o comunicado do Ministério da Agricultura, a ministra lembrou a importância de reforçar para os outros países que o Brasil é um parceiro confiável no fornecimento de alimentos e está dando conta do abastecimento interno neste momento. 
A ministra disse o seguinte aos adidos agrícolas "É importante esse olhar de vocês no dia a dia, porque vocês estão na ponta. Nós lemos os jornais, mas vocês têm o feeling e podem trazer essa leitura muito mais real. Precisamos ter as informações atuais para que possamos traçar cenários sobre o que vem para o futuro".  Além disso, a ministra também recomendou que os adidos descrevam para os países onde atuam sobre os padrões de qualidade dos produtos agrícolas brasileiros. "Isso vai ser fator preponderante para o período pós-Coronavírus. Existe um desconhecimento generalizado sobre a agricultura brasileira, o que acaba gerando críticas de outros países", disse a ministra, lembrando que a sanidade dos produtos brasileiros pode fazer a diferença no mercado internacional.
A ministra destacou que as exportações brasileiras estão fluindo bem, apesar da diminuição para alguns países, mas no todo, está havendo aumento. Segundo ela, a Ásia como um todo atualmente importa mais produtos agrícolas do Brasil do que Estados Unidos, Argentina e União Europeia juntos.
Este reunião remete sobre a importância do profissional do Ministério da Agricultura que se lança no exterior para possibilitar a ampliação do comércio exterior brasileiro de produtos agrícolas, os chamados adidos agrícolas. Eles estão espalhados nos seguintes locais: Lima (Peru), Londres (Reino Unido e Grã-Bretanha e Irlanda do Norte), Bruxelas (União Europeia), Cidade do México (México), Cairo (Egito), Nova Delhi (Índia), Pequim (China), Washington D.C. (Estados Unidos), Jacarta (Indonésia), Seul (Coréia do Sul), Pretória (África do Sul), Singapura, Roma (Itália), Ottawa (Canadá), Riade (Arábia Saudita), Colômbia, Banguecoque, Rabat (Marrocos), Buenos Aires (Argentina), Moscou (Rússia), Tóquio (Japão) e Hanói (Vietnã).
Um dos papeis do adido agrícola é identificar as oportunidades, os desafios e as possibilidades de comércio, investimentos e cooperação para o agronegócio brasileiro. Estes profissionais possuem um perfil profissional de muita vivência em campo, com isso, o engajamento com as autoridades locais, com o setor privado local e diversos outros setores, auxiliam na identificação das melhores estratégias para a ampliação do relacionamento comercial agrícola do Brasil com os países e regiões onde eles atuam.
Do ponto de vista dos mercados agrícolas, o Brasil ainda enfrenta a necessidade de superação de barreiras sanitárias e fitossanitárias, além disso, existem mercados em que o Brasil precisa é de iniciativas de promoção de comércio e investimentos, tais como participação em feiras internacionais e organização de road shows. Assim, o adido agrícola além de referidas tarefas também atua para a superação do desafio de trabalharmos a imagem da agricultura brasileira junto com a sustentabilidade ambiental. O adido agrícola deve contribuir para o diagnóstico adequado dos problemas e para a busca de soluções.
O Brasil tem realizado um grande esforço via Ministério da Agricultura para harmonizar a política agrícola doméstica com a internacional. Precisamos analisar constantemente as oportunidades que surgem e as nossas possibilidades de atender as demandas dos mercados e realizarmos as nossas devidas adequações.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o cargo de Adido Agrícola representa uma função que requer experiência e conhecimento das atividades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, adicionalmente requer compreensão da forma e cultura de trabalho dos governos de outros países. Na discriminação de referido cargo, existe a função de Cargo Sênior, com designação pelo Presidente da República e como tal, além dos requisitos técnicos já citados, exige-se profunda experiência e, negociações internacionais. Registrando-se que esta atividade é privativa de servidor público federal ou de empregado público das entidades vinculadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Vale registrar que o disciplinamento da referida função está regulamentado pelo Decreto n. 6.464, de 27 de maio de 2008, evidenciando que o adido agrícola exercerá missão permanente de assessoramento em assuntos agrícolas junto às Missões Diplomáticas brasileiras. Os adidos agrícolas são considerados equivalentes a Conselheiro da Carreira de Diplomata do Ministério das Relações Exteriores, sendo que a duração da missão de assessoramento em assuntos agrícolas será de dois anos consecutivos, prorrogáveis uma única vez por igual período, contados da data de apresentação do adido agrícola à missão diplomática para a qual tiver sido designado.
Também são atribuições gerais dos adidos agrícolas: buscar melhores condições de acesso de produtos do agronegócio brasileiro nos mercados local ou regional; prospectar novas oportunidades para os produtos do agronegócio brasileiro; coletar, analisar e disseminar informações sobre o mercado local e tendências de comércio; articular ações de apoio à promoção externa dos produtos do agronegócio brasileiro nos mercados local ou regional; informar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre problemas efetivos ou potenciais que afetem o comércio de produtos do agronegócio brasileiro; e acompanhar, analisar e informar sobre as políticas agrícolas e legislações de interesse do agronegócio brasileiro, dentre tantas outras atribuições.
Então que os nossos adidos agrícolas tem êxito na nobre missão e que possam ajudar a reposicionar a geopolítica da agricultura brasileira no mercado mundial.