Sexta, 10 De Janeiro De 2025
       
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Os bilionários da pandemia


Publicado em 05 de agosto de 2020
Por Jornal Do Dia


 

No mesmo período em que os bilionários ficaram ainda mais ricos, 40 milhões de pessoas poderão perder emprego em toda a região em função da pandemia. Estima-se que 52 milhões de latino-americanos serão empurrados para a faixa de pobreza
* Wadson Ribeiro
Enquanto o Brasil e toda a América Latina e Caribe padecem pelas mortes de mais de 100 mil compatriotas, em muitos casos fruto da ineficiência e da subestimação por parte dos governos, vide o exemplo brasileiro, para um seleto grupo de bilionários a história é outra. Incapaz de construir um mundo modestamente equilibrado, o capitalismo em tempos de pandemia faz com que os mais ricos fiquem cada vez mais ricos e os mais pobres cada vez mais miseráveis. Esse cenário aprofunda de forma mais intensa as desigualdades sociais e econômicas expondo as crueldades do sistema.
A Oxfam Brasil lançou na última segunda-feira o relatório informe "Quem paga a conta? – taxar a riqueza para enfrentar a crise da Covid 19 na América Latina e Caribe", que revela dados estarrecedores do enriquecimento de alguns bilionários durante a pandemia. Entre março e junho, 78 bilionários da América Latina e Caribe, uma das regiões com as maiores desigualdades socioeconômicas do mundo, aumentaram em U$ 48,2 bilhões seus patrimônios líquidos. Esse valor equivale a um terço de todos os recursos públicos disponibilizados através de pacotes de incentivos ofertados pelos governos da região.
No Brasil, que é um dos países com maior concentração de renda do mundo, em que 1% dos mais ricos concentram 28,3% da renda total, ficando atrás apenas do Catar com 29%, um grupo seleto de 42 bilionários cresceram seus patrimônios líquidos em U$34 bilhões no mesmo período, saltando de U$123,1 bilhões para U$157,1 bilhões. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da ONU de 2019, os 10% mais ricos do Brasil concentraram 41,9% da renda de todo o país. Para essa ínfima e privilegiada parcela da sociedade brasileira a pandemia significou aumento de riqueza, enquanto para a absoluta maioria dos brasileiros a qualidade de vida piorou.
No mesmo período em que os bilionários ficaram ainda mais ricos, 40 milhões de pessoas poderão perder emprego em toda a região em função da pandemia. Estima-se que 52 milhões de latino-americanos serão empurrados para a faixa de pobreza. Do mesmo modo, no Brasil, aumenta o número de desempregados e praticamente metade da população economicamente ativa está na informalidade. As Micro e Pequenas Empresas, setor que mais gera empregos e que menos desemprega em épocas de crises econômicas, terão mais de 600 mil empreendimentos fechados.
O aumento da fome, do desemprego, da evasão escolar, das demandas pelos serviços públicos de saúde, da falta de moradia, da violência urbana, da falta de saneamento básico, contrasta com a realidade de uma pequena parcela que dirige o sistema capitalista e dele extrai seus ganhos bilionários, independentemente de crises sanitárias ou mesmo econômicas. O Capitalismo, até que os trabalhadores e grande parte do povo desenvolvam a consciência de que são maioria e que devem conduzir as rédeas da história, sempre encontrará formas de se regenerar, de se reencontrar e de estar pronto para obter mais lucro e dominação política e ideológica.
O que os ganhos astronômicos dos bilionários nos ensinam nesses momentos de pandemia é que não é possível salvar o capitalismo. A humanidade necessita de um novo sistema, capaz de tornar o planeta Terra um lugar em que a riqueza não se sobreponha à vida, ao meio ambiente, a inclusão, ao respeito ao próximo. Um mundo com novos valores democráticos e civilizacionais para uma época de pós pandemia.
* Wadson Ribeiro foi presidente da UNE, da UJS e secretário de Estado em Minas Gerais

No mesmo período em que os bilionários ficaram ainda mais ricos, 40 milhões de pessoas poderão perder emprego em toda a região em função da pandemia. Estima-se que 52 milhões de latino-americanos serão empurrados para a faixa de pobreza

* Wadson Ribeiro

Enquanto o Brasil e toda a América Latina e Caribe padecem pelas mortes de mais de 100 mil compatriotas, em muitos casos fruto da ineficiência e da subestimação por parte dos governos, vide o exemplo brasileiro, para um seleto grupo de bilionários a história é outra. Incapaz de construir um mundo modestamente equilibrado, o capitalismo em tempos de pandemia faz com que os mais ricos fiquem cada vez mais ricos e os mais pobres cada vez mais miseráveis. Esse cenário aprofunda de forma mais intensa as desigualdades sociais e econômicas expondo as crueldades do sistema.
A Oxfam Brasil lançou na última segunda-feira o relatório informe "Quem paga a conta? – taxar a riqueza para enfrentar a crise da Covid 19 na América Latina e Caribe", que revela dados estarrecedores do enriquecimento de alguns bilionários durante a pandemia. Entre março e junho, 78 bilionários da América Latina e Caribe, uma das regiões com as maiores desigualdades socioeconômicas do mundo, aumentaram em U$ 48,2 bilhões seus patrimônios líquidos. Esse valor equivale a um terço de todos os recursos públicos disponibilizados através de pacotes de incentivos ofertados pelos governos da região.
No Brasil, que é um dos países com maior concentração de renda do mundo, em que 1% dos mais ricos concentram 28,3% da renda total, ficando atrás apenas do Catar com 29%, um grupo seleto de 42 bilionários cresceram seus patrimônios líquidos em U$34 bilhões no mesmo período, saltando de U$123,1 bilhões para U$157,1 bilhões. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da ONU de 2019, os 10% mais ricos do Brasil concentraram 41,9% da renda de todo o país. Para essa ínfima e privilegiada parcela da sociedade brasileira a pandemia significou aumento de riqueza, enquanto para a absoluta maioria dos brasileiros a qualidade de vida piorou.
No mesmo período em que os bilionários ficaram ainda mais ricos, 40 milhões de pessoas poderão perder emprego em toda a região em função da pandemia. Estima-se que 52 milhões de latino-americanos serão empurrados para a faixa de pobreza. Do mesmo modo, no Brasil, aumenta o número de desempregados e praticamente metade da população economicamente ativa está na informalidade. As Micro e Pequenas Empresas, setor que mais gera empregos e que menos desemprega em épocas de crises econômicas, terão mais de 600 mil empreendimentos fechados.
O aumento da fome, do desemprego, da evasão escolar, das demandas pelos serviços públicos de saúde, da falta de moradia, da violência urbana, da falta de saneamento básico, contrasta com a realidade de uma pequena parcela que dirige o sistema capitalista e dele extrai seus ganhos bilionários, independentemente de crises sanitárias ou mesmo econômicas. O Capitalismo, até que os trabalhadores e grande parte do povo desenvolvam a consciência de que são maioria e que devem conduzir as rédeas da história, sempre encontrará formas de se regenerar, de se reencontrar e de estar pronto para obter mais lucro e dominação política e ideológica.
O que os ganhos astronômicos dos bilionários nos ensinam nesses momentos de pandemia é que não é possível salvar o capitalismo. A humanidade necessita de um novo sistema, capaz de tornar o planeta Terra um lugar em que a riqueza não se sobreponha à vida, ao meio ambiente, a inclusão, ao respeito ao próximo. Um mundo com novos valores democráticos e civilizacionais para uma época de pós pandemia.

* Wadson Ribeiro foi presidente da UNE, da UJS e secretário de Estado em Minas Gerais

 

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