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OS ZEROS DO ENEM E UMA SERGIPANA MIL
Publicado em 19 de janeiro de 2015
Por Jornal Do Dia
O números do ENEM não são apenas vergonhosos pela calamidade revelada num sistema educacional que fracassou. São bem mais do que isso, porque revelam algo bem pior: a inércia das nossas instituições, da sociedade em geral, diante da continuada perda de valores sem os quais a escola não consegue ser eficiente.
Foram 6.193.565 candidatos que fizeram o exame, e 529.374, na redação, não foram além do zero. Entre os que participaram do ENEM só 250 conseguiram alcançar a pontuação máxima de mil. Fazendo parte dessa elite que se distancia primorosamente daquele amontoado de analfabetos batendo às portas da Universidade está uma sergipana de 19 anos. Ela nasceu e concluiu o segundo grau em Moita Bonita.
É Lorena Barreto Araújo que, com esse resultado, constrói para ela a opção de poder escolher entre diversas faculdades de Medicina em três estados onde já foi aprovada.
O tema da redação não foi dos mais fáceis, intitulava-se: ¨ Publicidade Infantil no Brasil ¨.
É um assunto estranho, que não faz parte do cotidiano dos temas recorrentemente tratados pela população.
Mas a jovem Lorena do alto da sua simplicidade oferece o receituário para o êxito, que tanto pode servir diretamente aos alunos, como para retirar as escolas dessa pedagogia do insucesso.
Disse Lorena em entrevista ao Jornal da Cidade: "Acredito que o segredo da redação não está no tema, mas na técnica sobretudo na prática . Além de escrever muito, procuro ler de tudo, por necessidade e por gosto também".
Além de ser uma pessoa com um grau de responsabilidade e inteligência acima da mediocridade infelizmente observável hoje na maioria dos jovens estudantes, Lorena teve ainda a fator família a favorecê-la. É filha de uma professora da rede pública que a orientou e a levou a ter interesse pelos livros. A escola de Moita Bonita onde estudou, não difere muito da maioria das nossas escolas, onde a avaliação do desempenho de alunos e professores que é indispensável, não é feita. A mãe de Lorena é professora, e destoa do pensamento dos sindicatos da classe, entendendo que esse tipo de procedimento é necessário. Ela afirma que a qualificação dos professores é condição básica para que não se repitam os mesmos resultados decepcionantes que exames como o do ENEM revelam.