Pandemia impede manifestações de rua no Dia do Trabalhador
Publicado em 01 de maio de 2020
Por Jornal Do Dia
Milton Alves Júnior
Impedidos de se concentrar e realizar os tradicionais atos democráticos alusivos ao Dia do Trabalhador em decorrência da pandemia provocada pelo novo coronavírus, sergipanos ligados às centrais sindicais, associações de trabalhadores e grêmios estudantis pretendem realizar durante todo o dia de hoje variadas ações utilizando as redes sociais. Além de enaltecer a importância dos profissionais para o progresso do país, a perspectiva é que a luta deste 1º de maio seja intensificada contra a retirada de direitos históricos, a precarização da mão de obra, bem como o constante agravamento dos assédios morais sofridos pelos trabalhadores. Entre essas categorias estão professores, profissionais do meio ambiente, enfermeiros, historiadores, bancários, artistas e jornalistas.
Dando conotação real a esse conjunto de medidas governamentais que resultam em impacto negativo para com os trabalhadores, um relatório realizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), por exemplo, mostra que nos últimos 12 meses foi possível se deparar com um aumento significativo dos ataques à liberdade de imprensa e aos jornalistas. Foi possível observar que esses casos de ataques contra veículos de comunicação e a jornalistas chegaram a 208, um aumento de 54,07% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 135 ocorrências. Somente o presidente da República Jair Messias Bolsonaro foi responsável por 121 ataques; essas iniciativas recriminadas pelos trabalhadores e protagonizadas pelo chefe do Poder Executivo Federal ocorreram por meio de discursos oficiais, entrevistas ou postagens nas respectivas redes sociais.
A Centra Única dos Trabalhadores (CUT/SE), promove às 8h30 de hoje, uma live solidária que tem por objetivo protestar em defesa da vida, contra o relaxamento do isolamento social, e pela taxação das grandes fortunas, com emprego e renda. Durante a transmissão serão realizadas apresentações culturais com shows, declamação de poemas e cordel, além de discursos realizados por representantes sindicais. Dentro do cronograma há ainda a realização de homenagens destinadas aos trabalhadores de serviços essenciais como: limpeza urbana, saúde, urbanitários, eletricitários, rurais, transporte urbano e jornalistas. A deliberação desses atos virtuais ocorreu em reunião realizada na semana passada entre os representantes das siglas sindicais.
Essas atividades contam com a coordenação paralela da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e da Central Sindical e Popular CONLUTAS, juntamente com as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. "Nos deparamos com a importância em nos manter dentro de casa devido ao coronavírus, mas sem deixar de enaltecer a data de hoje. Durante essa live vamos criar um baixo-assinado o qual visa chamar atenção dos trabalhadores para importância da proteção a saúde, ao emprego e a renda dos trabalhadores, bem como a taxação das grandes fortunas para assegurar mais recursos para investimentos em políticas públicas", disse professor Roberto Silva, presidente da CUT Sergipe.
Sem manifestações de ruas nesta primeira sexta-feira de maio, a perspectiva por parte das classes trabalhadoras é se estruturar administrativamente para realizar em setembro, durante os desfiles cívicos do Dia da Independência, um ‘Grito dos Excluídos’ jamais realizado na capital sergipana. De acordo com os sindicalistas o foco principal das ações populares será a luta unificada contra o que chamam de ‘desgoverno federal’, além de críticas direcionadas ao Governo de Sergipe e a parlamentares sergipanos com atuação em Brasília, os quais seguem sem atender aos pleitos da classe trabalhadora. Para a professora universitária Beatriz Vasconcelos, a importância do professor tem sido duramente atingida ao longo dos últimos meses no Brasil.
"Acima de qualquer coisa estou muito triste e cada dia mais impactada com a violência provocada no mundo inteiro pelo coronavírus. Tenho dito que se rata de uma tristeza universal, mas também de dói o coração o fato de não poder ir às ruas e protestar contra esse desgoverno do Jair Bolsonaro. Infelizmente um gestor que não tem a cara do povo brasileiro; eu sei que a nossa gente apoia, defende e valoriza o cidadão professor, mas ele não. A hora dele vai chegar, e eu estarei na rua pedindo a sua queda [impeachment]", disse. Sobre as perdas identificadas pela categoria ela revelou a redução nos investimentos educacionais e nos cortes de bolsas de estudos destinados aos acadêmicos de mestrado e doutorado.