Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Para isso servem os festivais


Publicado em 18 de setembro de 2012
Por Jornal Do Dia


Antes de tudo, a poesia

Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br

A estreia da Mostra Competitiva de Longas Metragens do 12º Festival Iberoamericano de Cinema de Sergipe (Curta+SE 12) promete botar fogo nas dependências do Cinemark Jardins. ‘Febre do Rato’, trabalho mais recente do pernambucano Cláudio Assis, vem sendo aclamado pelo escândalo e confusão. Para isso servem os festivais. Não fosse para perder o rumo, melhor seria assistir televisão.

Preto-e-branco e anarquia – ‘Febre do Rato’ conta a história de Zizo (Irandhir Santos, de ‘O Senhor do Labirinto’), um poeta inconformado e de atitude anarquista que vive de um tabloide onde publica suas filosofias de vida. Quando conhece Eneida (Nanda Costa), uma instigante jovem de 18 anos, Zizo vê o seu mundo transformar-se. Da mesma forma, ‘febre do rato’ é uma típica expressão recifense que designa alguém que está descontrolado, tal como o protagonista em ascensão.
Rodado em preto-e-branco, o longa mostra o Recife como uma cidade bucólica.

Não corresponde a uma cidade antiga (mesmo com suas locações no Recife Antigo), mas dificilmente seria enxergada como a grande metrópole atual. "Para nós, o preto-e-branco ajuda a você a ouvir a poesia", explica Cláudio Assis. E, como ‘Febre do Rato’ é acima de tudo um filme sobre poesia, a fotografia de Walter Carvalho funciona maravilhosamente bem ao destacar a alegria e melancolia daqueles boêmios personagens.

Mesmo com apelo poético, Cláudio explica que ‘Febre do Rato é um filme anarquista. "Quero dar coragem às pessoas. Mostrar à juventude que ainda é possível fazer filme dessa qualidade, sem seguir regras ou padrão de cinema. É preciso fazer mais. Você sempre pagará um preço pelo que faz, são as consequências, mas também sempre valerá a pena". O cineasta também ressalta a importância da mudança e explica o que quer passar. "Eu faço um cinema sem compromisso, um filme de ideias, que provoque para fazer pensar", disse.

Inicialmente Cláudio Assis pretendia rodar ‘Febre do Rato’ após seu primeiro longa-metragem ‘Amarelo Manga’ (2002). No entanto, o primeiro tratamento escrito a seis mãos por Xico Sá, Hilton Lacerda e o próprio Assis trazia um contexto urbano similar com ‘Amarelo’. Decidido a fazer algo diferente, o diretor preferiu seguir para a Zona da Mata pernambucana, onde realizou ‘Baixio das Bestas’ (2006), obra que retrata o machismo e a violência sexual enraizada naquela região do estado.

A produção de ‘Baixio’ também serviu para que Cláudio conhecesse o trabalho de Irandhir Santos, levando a uma nova parceria com o ator desta vez escalado como protagonista da estória. Zizo, por sinal, é personagem baseado em um antigo colega de faculdade do diretor.

"Já tínhamos essa ideia de personagem do poeta e da poesia, mas não sabíamos quem ele era ainda. Daí Xico [Sá] sugeriu que ele poderia ser Zizo, um colega nosso de faculdade, um escritor marginal e anarquista. Não é algo biográfico ou autobiográfico, como muita gente pensa. Mas sim, uma homenagem à figura dele", esclarece. O Zizo verdadeiro, inclusive, aparece brevemente durante a cena do bar com o personagem Boca Mole (vivido por Juliano Cazarré).

‘Febre do Rato’ ainda conta com Matheus Nachtergaele, Maria Gladys e Ângela Leal no elenco, e sua trilha sonora é assinada por Jorge Du Peixe (idealizador e vocalista da Nação Zumbi).

Serviço:
Local: Cinemark Jardins
Data: 18 de setembro
Hora: 21h10

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