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Para proteger a filha, Belivaldo rompe com o principal aliado
Publicado em 17 de dezembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
A perspectiva de ver a filha Priscila Felizola derrotada na disputa pela superintendência estadual do Sebrae, levou o governador Belivaldo Chagas ao rompimento com o deputado federal Laércio Oliveira, senador eleito nas últimas eleições. Isso porque o deputado, com ramificações nas entidades empresariais, apresentou chapa contestando a do governador.
O rompimento se concretizou mesmo depois de selada a vitória de Priscila por 10 a 4. Todos os membros de sua chapa foram eleitos – a votação é por cargo – e a superintendente foi quem obteve o maior número de votos. Mesmo assim Belivaldo enxergou uma tentativa de Laércio Oliveira de “desmoralizá-lo”, por ter incluído na chapa o petista Marcelo Barreto, que já foi diretor técnico do Sebrae por oito anos.
Para consolidar o rompimento, alegou que Laércio havia feito um acordo pontual com o senador Rogério Carvalho (PT) apenas para derrotar a sua filha. Não foi firmado nenhum acordo. Marcelo apareceu na chapa por ser um nome já conhecido das entidades envolvidas na escolha da diretoria do Sebrae, tanto que quase empatou em número de votos com o eleito, Brenno Barreto.
Na terça-feira, a 15 dias do encerramento do atual governo, Belivaldo exonerou o engenheiro José Augusto Pereira de Carvalho da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sedetec), indicação pessoal de Laércio. Nos dias seguintes, ocorreram outras demissões, mas o próprio governador admitiu que o Diário Oficial era “muito pequeno” para publicar as exonerações de todos os indicados pelo senador eleito.
O gesto do governador foi considerado como uma “represália boba” pelos aliados, a começar pelo governador eleito Fábio Mitidieri, que passou toda a semana acompanhando Laércio na visita a órgãos do governo federal. Mitidieri deve permitir que Belivaldo faça algumas indicações, a exemplo do atual secretário geral de Governo José Carlos Felizola, marido de Priscila, mas Laércio tem um mandato de oito anos no Senado.
Esta não é a primeira vez que ocorre um estremecimento nas relações entre Belivaldo e o deputado federal. Durante a pandemia da covid-19, bem ao estilo do presidente Jair Bolsonaro, Laércio comandou a reação dos empresários sergipanos contra o lockdown decretado em março de 2020 pelo governador Belivaldo Chagas e pelo prefeito Edvaldo Nogueira, que provocou a paralisação dos serviços e o fechamento do comércio.
Em maio de 2020, o governador responsabilizou o ‘todo poderoso’ deputado Laércio Oliveira por uma Carta Aberta aos Sergipanos divulgada por 19 entidades empresariais do estado, cobrando do governo um plano de retomada da atividade econômica, e criticando a ausência de justificativas adequadas para o fechamento das atividades de comércio e serviços, além da ausência de um plano de combate ao coronavírus.
Na época, o governador lembrou que Laércio Oliveira controla a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e conhece muito bem as ações do governo contra a covid-19. “A carta foi irresponsável. Eles não estão preocupados em salvar vidas. São Paulo apresentou um plano de recuperação econômica e recuou. Estamos em fase de crescimento contínuo do número de casos, não sou irresponsável. O foco principal agora é garantir leitos e atendimento a todos, não quero ver gente morrendo. Portanto eu repudio esta carta. Contesto e não concordo”, disse Belivaldo.
Apesar de todas as medidas adotadas pelo governo local, a covid-19 ainda atingiu quase 345 mil pessoas, com 6.434 óbitos no estado de Sergipe. Sem o lockdown, como queria Laércio e os seus parceiros das entidades empresariais, esses números poderiam ser ainda maiores.
Mesmo com a resposta dura de Belivaldo, Laércio Oliveira não largou o osso e continuou controlando todos os órgãos ligados ao desenvolvimento econômico do governo do estado. Agora perdeu a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec), mas manteve Codise, SergipeTec, Fapitec e a parte da Adema responsável pelos licenciamentos ambientais.
Nenhum deputado, líder político e nem mesmo os secretários de governo manifestaram solidariedade ao governador. Entenderam que o rompimento foi apenas uma manifestação de pai para garantir um emprego bem remunerado para a filha pelos próximos quatro anos. Fábio Mitidieri e Laércio Oliveira continuarão juntos a partir de janeiro, e o senador eleito, certamente, manterá um bom quinhão na equipe do novo governo.