Pátria armada
Publicado em 04 de junho de 2019
Por Jornal Do Dia
*Inocêncio Nóbrega
Pátria Amada, Brasil ou Pátria Armada? São expressões irreconciliáveis. A primeira, adotada como lema oficial, foi extraída de duas estrofes do Hino Nacional. Algo semelhante dos tempos da ditadura, "Ame-o, ou deixe-o", palavras assumidas para criar uma falsa imagem de patriotismo junto à população, a esconderem perseguições, prisões, torturas e mortes de brasileiros; na versão de hoje, injustiça social, desemprego em massa, sucumbência da educação, e mazelas afins.
Pátria, simboliza os sentimentos, dos humanos a de todos os seres da natureza. É a "família amplificada", disse Rui Barbosa. Não é a mesma das pistolas em seus lares, no apanágio ao crime, nem segurança do cidadão, o que somente se dá através do livro, da educação e da cultura. É a sua gente, tradições, idioma, território, patrimônio nacional. Amá-la, sem dúvida um dever, enriquecê-la, uma obrigação. É viver seus anseios de paz, liberdade, soberania, desenvolvimento da nação que lhe abriga. É fazê-la feliz, cada vez mais senhora de si própria; não são as barbáries, que diariamente se pratica pela sua dissolução, alienação de seus bens, aviltamento dos valores morais, a cizânia entre seus filhos, a fortaleza dos truculentos. É o reconhecimento aos antepassados, quando se lutou, de peito erguido, pela sua independência, grandeza das pessoas de bem.
Pátria, é irmã de outras pátrias, filha da comunhão universal das nações, fiel colaboradora do bem estar da humanidade. Vem do amor, do coração, prega a verdade e não a astúcia da mentira. É o respeito à autodeterminação de outros povos. Armá-la, é um desserviço, uma traição a quem sonha e colabora com a prosperidade de seu solo pátrio. Pô-lo em pé de guerra, significa negar-se à civilização, voltar-se aos tempos tribais.
O trumpista Bolsonaro vai com o presidente Donald, que atribuiu o massacre, numa escola da Flórida, a ausência de fuzis para uso dos professores. Parece-nos ser este o ensinamento que se quer copiar, lição que não nos engrandece. A censurável ideia leva a mais violência, pois a arma não é a solução. Interessa, sim, aos industriais do setor, em crise se decai o número de mortes, principalmente entre os jovens. As estatísticas mundiais de homicídios, em geral, por arma de fogo, são assombradoras. Revelam que 83,4% deles resultam do extermínio à bala. Não é dado ao governo estimulá-los, por uma legislação que fere os princípios cristãos e de civilidade. O que se precisa é a mudança das regras, restringindo sua utilização a qualquer cidadão, combatendo seu tráfico ilegal, deixando-a para as autoridades, defensores da lei, desde que preparados, emocional e socialmente, para isso. Abaixo, ao rearmamento!
* Inocêncio Nóbrega, Jornalistainocnf@gmail.com