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Perfil das Mulheres no Brasil
Publicado em 05 de abril de 2025
Por Jornal Do Dia Se
O Ministério das Mulheres no dia 25/03/2025 lançou o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher – Raseam 2025. Conforme informado pelo Ministério das Mulheres, o documento traz uma compilação descritiva e analítica de dados produzidos a partir de 2022, referentes ao perfil demográfico e socioeconômico das brasileiras e torna-se uma referência fundamental para subsidiar a elaboração e implementação de políticas públicas, pesquisas e estudos de diferentes naturezas.
Assim, abordarei neste ensaio alguns dos diversos informes apresentados e que reúnem 328 indicadores de diversas bases de dados, o Raseam 2025 oferece um panorama sobre a situação socioeconômica das mulheres e as desigualdades que demandam ações do poder público.
Demografia – As informações apresentadas no relatório, confirma algo que é perceptível para a sociedade, a maioria da população brasileira é formada por mulheres (51,1%), e a discussão como cuidar melhor das mulheres que é a maioria da população do nosso país. O estudo revela que a distribuição de mulheres por cor ou raça mostra que 55,7% delas se declararam pretas ou pardas e 43,1% se declararam de cor branca. Geograficamente temos diferenciações neste quesito, que foi apurado por autodeclaração, pois enquanto as Grandes Regiões Sudeste e Sul possuíam maioria de mulheres brancas, as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste tinham mais mulheres pretas ou pardas. A região com maior proporção de mulheres pretas ou pardas era a Norte (77,7%) e a menor, a Sul (27,3%).
Com relação aos povos e comunidades tradicionais (indígenas e quilombolas), na base de 2022 do IBGE, no Brasil, havia 1,3 milhão de quilombolas, sobretudo na Região Nordeste (906 mil), ao passo que 1,7 milhão de pessoas se declararam indígenas, com maior peso das Regiões Norte (754 mil) e Nordeste (529 mil). Seguindo a tendência do total da população, quando se considera a população indígena e a quilombola, temos que as mulheres eram maioria em quase todas as Grandes Regiões, exceto pela Região Norte, onde 51,2% dos quilombolas e 50,3% dos indígenas eram homens, e pelos quilombolas da Região Sudeste, no qual a divisão por sexo era meio a meio.
A razão de sexo é a razão entre o número de homens e o número de mulheres. Se a razão for menor que 1, temos proporcionalmente mais mulheres que homens na população. E no Brasil, a razão de sexo era de 0,94 em 2022, com base no Censo Demográfico. Logo, para cada 100 mulheres havia 94 homens. Para a população indígena esta razão era um pouco maior, 0,97, ou seja, 97 homens a cada 100 mulheres, ao passo que para os quilombolas era exatamente. Conforme o Raseam, a análise da razão de sexo por grupos de idade mostra que, no Brasil, nascem mais homens que mulheres, levando a uma razão maior que 1 entre os mais jovens, e as mulheres vivem mais que os homens resultando em uma razão menor que 1 entre os mais velhos.
Perfil Etário – o Raseam 2025 revela que a população de mulheres no Brasil se compõe majoritariamente de adultas de 25 a 59 anos (23,1% de 25 a 39 anos e 26,9% de 40 a 59 anos), seguida por crianças e adolescentes até 14 anos de idade (12,4% de até 9 anos e 6,4% de 10 a 14 anos), por idosas (17,1%) e por jovens de 15 a 24 anos (6,8% de 15 a 19 anos e 7,4% de 20 a 24 anos). O estudo aponta que o perfil etário das mulheres indígenas, por outro lado, é bem mais rejuvenescido. O peso das crianças e adolescentes até 14 anos soma 28,9% (mais de 10 pontos percentuais acima do observado para a população feminina). Enquanto 31,6% das mulheres indígenas têm 40 anos ou mais de idade, este percentual alcança 44,0% entre o total das mulheres brasileiras.
No relatório consta que em relação às mulheres quilombolas, seu perfil etário fica no meio do caminho, ou seja, é mais jovem que o do total populacional, mas nem tanto quanto das mulheres indígenas. Neste sentido, 23,2% das mulheres quilombolas tinham até 14 anos de idade, enquanto as quilombolas de 40 anos ou mais de idade somavam 37,4%.
Taxa de fecundidade – o relatório registra que estamos tendo um padrão mais envelhecido da população brasileira como resultante da redução gradativa da taxa de fecundidade nos últimos anos. Em 2015, a taxa de fecundidade foi estimada em 1,82 filhos(as) por 1.000 mulheres em idade fértil (15 a 49 anos), ao passo que a taxa se reduziu para 1,57 em 2023, abaixo, portanto, da taxa de reposição da população. Em termos regionais, apenas as Regiões Norte e Centro-Oeste tinham taxa acima da média nacional (1,83 e 1,71, respectivamente), enquanto a menor taxa de fecundidade ocorria no Sudeste (1,48).
Domicílios – O relatório destaca que em 2023, considerando os domicílios particulares permanentes do País, havia mais domicílios com pessoa responsável do sexo feminino (40,2 milhões) que do masculino (37,5 milhões). Em 2023, em termos regionais, os homens eram maioria dos responsáveis pelo domicílio apenas no Norte e no Centro-Oeste. Portanto, nas regiões que concentram grande parte da população brasileira (Sudeste, Nordeste e Sul), as mulheres eram quem chefiavam os domicílios.
Os dados apresentados até aqui, que é uma pequena parte da riqueza do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher – Raseam 2025, ajudam no entendimento de quem são as mulheres brasileiras e o que é preciso que seja feito para termos uma sociedade mais justa, de forma especial com as mulheres do nosso país. Para além das políticas públicas na esfera federal, estadual e municipal, precisamos mudar a educação no sentido de um melhor entendimento do respeito e consideração que os homens, em especial, devem ter com as mulheres. O desafio é enorme, não só por questões de heranças culturais, mas também porque ainda temos muitas condições inadequadas em vários segmentos para a mulher brasileira, a exemplo da diferenciação de remuneração para o mesmo trabalho e do acesso ao mercado de trabalho, sobretudo o formal, que é bastante desigual entre homens e mulheres.