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Pesquisas sociais mostram miséria enfrentada pelo povo sergipano
Publicado em 18 de fevereiro de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Dois estudos divulgados nos últimos dias confirmam o que a gente vê nas ruas: a pobreza e a miséria campeiam no estado de Sergipe, afetando principalmente as crianças e os adolescentes. Na quinta-feira (16), ao lançar o programa Auxílio Municipal Especial (AME) de renda básica para pessoas em situação de extrema pobreza, o prefeito de Aracaju Edvaldo Nogueira endossou as pesquisas que mostram o desamparo de nossa gente.
De acordo com levantamento realizado pelas coordenadorias da proteção social básica e de políticas de transferência de renda, há, em Aracaju, 1.785 famílias em situação de extrema pobreza, que não recebem nenhum tipo de benefício e são constituídas por, pelo menos, dois membros. A partir de agora vão receber da PMA R$ 300 mensais.
A pesquisa “As Múltiplas Dimensões da Pobreza na Infância e na Adolescência no Brasil”, lançada na terça-feira (14), pelo UNICEF com apoio da Fundação Vale, mostra que em Sergipe, 76 de cada 100 crianças e adolescentes vivem na pobreza em suas múltiplas dimensões: renda, educação, trabalho infantil, moradia, água, saneamento e informação. O estudo apresenta dados até 2019 (trabalho infantil), até 2020 (moradia, água, saneamento e informação), até 2021 (renda, incluindo renda para alimentação) e dados até 2022 (educação).
Para analisar a pobreza multidimensional, foram utilizados dados oficiais, da Pnad Contínua, relacionados a sete dimensões: Renda, Educação, Trabalho Infantil, Moradia, Água, Saneamento e Informação. Além disso, foi realizada uma análise específica sobre a renda para alimentação. Os resultados revelam um cenário preocupante. O último ano para o qual há informações disponíveis para todos os indicadores é 2019 – quando, em todo o Brasil, havia 32 milhões de meninas e meninos de até 17 anos privados de um ou mais desses direitos. Para os anos seguintes, só há dados de educação e renda, incluindo renda para alimentação – e todos pioraram.
Em Sergipe, o estudo indica a privação de renda como a dimensão que mais afeta crianças e adolescentes, impactando 56,5% de meninas e meninos, seguida pela falta de acesso a saneamento (49,1%). Outras privações são a falta de acesso à educação (13,9%), acesso à informação (12,9%), água (7,5%), trabalho infantil (4,6%) e moradia (3,7%). No total, 76,6% das meninas e meninos sergipanos são afetados por uma ou mais de uma dimensão da pobreza multidimensional.
Para mudar esse quadro, o UNICEF recomenda: Priorizar investimentos em políticas sociais; Ampliar a oferta de serviços e benefícios às crianças e aos (às) adolescentes mais vulneráveis; Fortalecer o Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente; Implementar medições e o monitoramento das diferentes dimensões da pobreza e suas privações por um órgão oficial do Estado; Promover a segurança alimentar e nutricional de gestantes, crianças e adolescentes, garantindo a eles(as) o direito humano à alimentação adequada e reduzindo o impacto da fome e da má nutrição nas famílias mais empobrecidas; Implantar com urgência políticas de busca ativa escolar e retomada da aprendizagem, em especial da alfabetização; Priorizar, no âmbito das respectivas esferas de gestão, a agenda de água e saneamento para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas; Implementar formas de identificar precocemente as famílias vulneráveis a violências, incluindo trabalho infantil; Promover e fortalecer oportunidades no ambiente escolar e na transição de adolescentes para o mercado de trabalho.
A outra pesquisa foi divulgada pela Macroplan, uma empresa brasileira de consultoria que apresentou a 5ª edição dos Desafios da Gestão Estadual. O estudo avalia o desempenho das 27 unidades de nossa federação, abrangendo um conjunto de 31 indicadores de 10 áreas: educação, capital humano, saúde, segurança, infraestrutura, desenvolvimento econômico, juventude, desenvolvimento social, condições de vida e institucional. O índice calculado denominado de IDG, varia de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, melhor o desempenho do estado.
No Ranking Geral do estudo, Sergipe ficou na 22ª posição, com um índice de 0,395. Demonstrando uma perda de posição em relação ao ano anterior em que o estado estava na 19ª posição com um índice de 0,419 e já esteve em melhor posição, 18ª, no início da série, mas com um índice de 0,350.
Em capital humano, Sergipe é o 22º colocado, com um índice de 0,316 e tendo a mesma posição do seu ranking geral. O capital humano é medido por dois índices: taxa de analfabetismo (mede a proporção de pessoas de 15 anos ou mais que não sabem ler ou escrever um bilhete simples em português) e escolaridade (é a média de anos de estudo da população de 25 anos ou mais). O melhor colocado neste índice no Brasil é o Distrito Federal com um índice de 0,753.
A miséria da população retratada em todas as pesquisas realizadas no estado comprova que a classe política não cuida da nossa gente.