Aspecto da reunião do govenador e bancada sergipana com o presidente da Petrobras, Pedro Parente
Petrobras concede 120 dias para apresentação de soluções ao fechamento da Fafen
Publicado em 27 de março de 2018
Por Jornal Do Dia
Os governos dos Esta- dos de Sergipe e da Bahia terão 120 dias para apresentarem proposições para manutenção da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen). O pedido do governador Jackson Barreto foi apresentado na tarde desta terça-feira (27), durante reunião com o presidente da Petrobras, Pedro Parente, bancada federal e políticos da Bahia, sobre o fechamento da unidade. A solicitação foi atendida pelo presidente da Petrobras a partir de 30 de junho, prazo inicial para hibernação da Fafen, localizada em Laranjeiras.
"Gostaria de dizer que para nós, sergipanos, essa notícia é um golpe profundo na economia do estado. No momento em que o estado avança com um investimento de R$ 5 bilhões na construção da termoelétrica, para que a gente dê oportunidade para futuras gerações, a Fafen, que nasceu em 1982, que deu ao estado vários investimentos, pretende encerrar as atividades. Nós precisamos da Fafen. Nossa proposta é de 120 dias para estudar alternativas sobre o funcionamento da unidade", afirmou.
Jackson explicou que o prejuízo apresentado pela Petrobras, responsável pelo gerenciamento da Fafen, no valor de R$ 600 milhões inclui a taxa de impostos de gás, energia elétrica e água. O governador propôs debater a carga tributária, juntamente com o governo da Bahia, para tornar a atividade fabril viável. A discussão envolve o estado da Bahia já que a medida da Petrobras atinge também a unidade industrial de Camaçari.
"Nós sabemos que o que mais incide na Fafen é o preço do gás, que é de responsabilidade da Petrobras, que cobra um preço exorbitante. Vamos discutir o preço do gás natural, a tarifa de energia elétrica, a tarifa de água. Faço um apelo para que possamos rediscutir esse caminho com a bancada, com os representantes da Bahia. Quando se fala em R$ 600 milhões de prejuízo, na verdade não chega a R$ 200 milhões porque nesse valor se inclui até ações judiciais. A Petrobras e a Fafen têm compromisso social. Eu não quero nunca que a Fafen seja prejuízo, quero que ela seja importante para Laranjeiras, para Sergipe e para a Petrobras, mas sabemos que hibernar significa sucatear", declarou, lembrando que, em Laranjeiras, a fábrica gera 272 empregos diretos e mantém uma cadeia de misturadoras e serviços.
Pedro Parente aceitou a proposta do governador Jackson Barreto de ter 120 dias, a partir de 30 de junho, para estudar alternativas para o funcionamento da unidade e explicou que o processo de hibernação das unidades da Fafen em Sergipe e na Bahia faz parte do plano de medidas de contenção de despesas da empresa, anunciado em 2016.
"Não podemos subsidiar, mas estamos dispostos a conversar. Sabemos que temos que cumprir nossa responsabilidade social. No entanto, essa responsabilidade social não pode imprimir prejuízo à empresa. Atendendo a solicitação do governador de Sergipe, daremos 120 dias a partir de 30 de junho para que os estados e a indústria se engajem para encontrar soluções. Estamos seguindo a nossa estratégia, embora ainda tenhamos uma grande dívida, precisamos continuar trabalhando. Nesse contexto é que se coloca a saída da Petrobras da área de fertilizantes, tomamos a decisão de colocar as unidades da Fafen em hibernação o que significa que ela pode voltar, nós podemos assegurar que não estamos desmontando essas unidades, vão ficar mantidas de voltar a operar em condições normais", disse.
O vice-governador da Bahia, João Felipe de Souza Leão concorda com Jackson sobre o sucateamento da unidade em caso de hibernação. "Se o senhor fizer a hibernação dessa fábrica, aquilo vai virar sucata e vai acontecer rápido. Porque todos os produtos da Fafen são altamente oxidantes, se levarmos seis meses com a fábrica fechada, vira sucata. Estudemos mais esse caso, vamos dialogar, e colocar as fábricas para dar rentabilidade. Precisamos alavancar o País. O caminho para a Fafen de Sergipe e da Bahia não é matar as duas fábricas. O caminho é restaurar, procurar administrar com capacidade administrativa. O governo da Bahia está unido com o de Sergipe para viabilizar o não fechamento da fábrica".
Já a proposta apresentada pelo deputado federal André Moura foi de adiar a suspensão das atividades da Fafen por 90 dias, tempo em que seria criada uma comissão de estudo para a demanda. "Temos um proposta que adia a hibernação por 90 dias a partir de 30 de junho. Nesse tempo, cria-se uma comissão em cada estado e com os governos de Sergipe e Bahia, indústrias e entidades para avaliar alternativas para hibernação. O impacto na receita de Laranjeiras é algo em torno de 12%. É uma cadeia produtiva que se coloca em risco e Laranjeiras é o mais impactado. Precisamos da comissão formada com a certeza de que a hibernação será adiada".