Plano Marshall tupiniquim
Publicado em 23 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
Demorou, mas enfim saiu. O presidente Jair Bol sonaro delegou ao ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, a condução de um plano de retomada da economia sustentado na reativação de obras públicas com recursos do Tesouro, como forma de evitar uma escalada do desemprego. Convém mencionar, no entanto, que a ideia de investir ao invés de segurar as contas desagrada ao ministro da economia Paulo Guedes.
O Plano Marshall tupiniquim chega tarde, mas aponta a direção correta. Só no âmbito do Ministério da Infraestrutura, a projeção é que o pacote consuma cerca de R$ 30 bilhões em investimentos públicos para a retomada de cerca de 70 obras que estão paralisadas ou sendo tocadas abaixo da sua capacidade total. Entre elas, estão rodovias, ferrovias e terminais portuários.
De nada adiantará, contudo, dar uma no cravo e outra na ferradura, única estratégia conhecida do presidente Bolsonaro. A obsessão com o rigor fiscal do ministro Paulo Guedes é inconciliável com as demandas mais urgentes do tempo presente. A preocupação reiterada com as reformas na pauta do governo foram suplantadas sem dó nem piedade pela pandemia do coronavírus.
O plano de recuperação econômica ainda gera discussões no seio do governo brasileiro, o presidente ainda não bateu o martelo. No entanto, a realidade bate à porta. Hoje é impossível precisar quantos brasileiros perderam renda e emprego no rastro da letargia do governo Bolsonaro e em função do coronavírus. O constante bater de cabeças não dá resultado.