AGENTE DO COPE EM AÇÃO, ONTEM DE MANHÃ, DURANTE A OPERAÇÃO FÊNIX: FORAM PRESAS NOVE PESSOAS ENVOLVIDAS NA FALSIFICAÇÃO DE CARTEIRAS DE IDENTIDADE NO ESTADO
Polícia descobre esquema que emitia RGs com dados falsos: nove presos
Publicado em 17 de abril de 2018
Por Jornal Do Dia
Uma investigação feita há cerca de seis me ses pela Polícia Civil descobriu que carteiras de identidade e outros documentos do Instituto de Identificação Carlos Menezes foram confeccionados com dados falsificados ideologicamente. A fraude foi revelada com a deflagração da ‘Operação Fênix’, que cumpriu nove mandados de prisão temporária e dez mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça. Entre os presos, estão cinco servidores do instituto, dois autônomos que prestavam serviços na instituição, um oficial reformado da Polícia Militar e um agente penitenciário apontado como líder do esquema.
Todos foram presos no começo da manhã por equipes do Cope, da Coordenadoria de Polícia Civil do Interior (Copci) e do Complexo de Operações Especiais da Polícia Militar (COE). Os agentes também estiveram na sede do Instituto, na Travessa Basílio Rocha, bairro Getúlio Vargas (zona centro), onde recolheram documentos. O atendimento aos usuários que aguardavam na fila chegou a ser interrompido por toda a manhã e muitas pessoas voltaram para casa. A visita dos policiais causou surpresa até mesmo na diretoria do Instituto de Identificação e no coordenador geral de Perícias, Moisés Chagas, que ao ser perguntado sobre a operação, disse que não tinha conhecimento dos fatos.
A delegada Mayra Moinhos Evangelista, do Cope, explicou que a polícia começou a investigar o caso depois que algumas carteiras de identidade expedidas em Sergipe foram apreendidas com integrantes da facção criminosa Bonde do Maluco, sediada em Salvador (BA). Outros criminosos detidos em Sergipe e em outros estados também foram encontrados com carteirasexpedidas em Sergipe. "A partir disso, começamos a observar que muitos criminosos estavam sendo presos portando documentos falsos," relatou, indicando que estas carteiras teriam sido vendidas aos criminosos.
Ainda segundo a delegada, os autores da falsificação se aproveitavam de uma falha de procedimento na coleta e na checagem de documentos do Instituto de Identificação. "Por conta da demanda das pessoas e pelo fato de Sergipe ser um estado pequeno, muitas pessoas de fora se aproveitavam disso para vir aqui tirar a identidade. O Instituto acolheu estas pessoas e acabamos tendo uma vulnerabilização do sistema, que tinha protocolos de segurança que acabaram extintos", disse ela, referindo-se à consulta de documentos e de impressões digitais junto aos institutos de identificação de outros estados.
Tais procedimentos deixaram de ser adotados para agilizar o atendimento da repartição, marcado por longas filas. "A pessoa que viesse de Pernambuco aqui, chegava às 7h da manhã e saía às 9h com a primeira via da identidade expedida por Sergipe, sem a conferência dos documentos", afirma a delegada. Ela acrescenta que alguns servidores deixavam de conferir a procedência dos documentos por negligência ou distração, enquanto outros agiam de forma dolosa, ou seja, expediam as carteiras mesmo sabendo que tais documentos eram falsos. "Não é porque um documento é original é que ele é verdadeiro. Pode ser ideologicamente falso", ressalta.
Os policiais então descobriram que os servidores acusados recebiam pagamentos em dinheiro para facilitar a emissão das carteiras com dados falsificados, com a participação dos autônomos, que funcionavam como intermediários do esquema, e do agente penitenciário, o qual, segundo a polícia, mantinha contatos com bandidos envolvidos em grupos criminosos, ligados principalmente ao tráfico de drogas e crimes de homicídios. A delegada do Cope revelou ainda que cada documento falso expedido pelo Instituto de Identificação era comercializado por aproximadamente R$ 5 mil, mas o preço negociado variava, pois, além dos criminosos, estelionatários "compravam" os RGs para aplicar golpes no comércio ou fraudar benefícios sociais, como aposentadoria e o Bolsa-Família.
O esquema está ligado a crimes como corrupção ativa e passiva, uso de documento falso, peculato e estelionato. O inquérito policial relativo à ‘Fênix’ continua em andamento, para identificar quem foram os que compraram documentos através do esquema. Mayra Moinhos declarou que algumas providências serão adotadas pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), para que esse tipo de fraude ilícita não volte a acontecer, "Hoje a gente tem no Brasil uma serie de consequências em decorrência da expedição desses documentos, isso afeta a economia que afeta diretamente a todos nós. Por isso essa operação foi detalhada para que a gente conseguisse englobar o maior número de pessoas, e agora a SSP, juntamente com o Governo do Estado, vão fazer uma readequação do Instituto e capacitação dos servidores para que isso não volte a acontecer." concluiu.