Polícia detalha estupro dentro de shopping

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

A Polícia Civil confirmou o indiciamento do segurança Diogo Santos Carvalho, 42 anos, acusado de estuprar uma adolescente de 14 anos dentro da sala de monitoramento do Shopping Jardins, no bairro Jardins (zona sul de Aracaju). Ele está preso desde a tarde de anteontem em uma delegacia não revelada e vai responder a processo pelos crimes de estupro qualificado e de obrigar adolescentes a produzir imagens de sexo explícito – crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).  A prisão temporária de Diogo foi decretada na segunda-feira pela 11ª Vara Criminal de Aracaju e vale por até 30 dias, mas pode ser convertida em prisão preventiva.

Um pedido neste sentido deve ser formalmente apresentado hoje à Justiça pelas delegadas Renata de Abreu Aboim e Lara Schuster Batista, do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV). As responsáveis pelo caso informaram ontem, em coletiva de imprensa, que o estupro contra a adolescente foi praticamente confirmado pelas imagens do circuito interno de TV do Jardins, que registraram parte da movimentação, e até pelos depoimentos – em um total de 10 – do chefe de segurança do Jardins e de colegas de trabalho, os quais apontaram "uma série de procedimentos equivocados" na abordagem de Diogo à adolescente e ao namorado dela, um rapaz de 16 anos.

Essa abordagem aconteceu às 23h30 do último dia 12, feriado do Dia das Crianças, no banheiro infantil do shopping, que está em reformas. Os adolescentes namoravam escondidos no local quando foram flagrados por Carvalho em carícias íntimas. Segundo os depoimentos, o segurança estava acompanhado de um colega e, ao ver o casal, bateu na porta e pediu que eles se recompusessem, fazendo uma ameaça. "Ele disse que iria conduzir os adolescentes para serem presos e que iria chamar os pais para levá-los à delegacia, porque eles estavam praticando atentado ao pudor e que aquilo daria cadeia. Os meninos ficaram com medo e imploraram que aquilo não fosse feito", relatou Schuster.

O casal de jovens acompanhou os seguranças até a sala de monitoramento e entrou com o acusado na sala de monitoramento, na qual não existem câmeras, e o outro permaneceu em uma ante-sala monitorada. Seguiram-se ali cerca de 20 minutos, nos quais aconteceram os abusos. "Neste momento, o Diogo fica a sós com a menina e diz que ela tinha que ter feito sexo com ele. Ela novamente chora e implora que ele não faça aquilo. E foi aí que o segurança exigiu que a menina tivesse a relação com o namorado na frente dele, para que ele fizesse as imagens e apresentasse aos seus superiores como prova", acrescenta Lara.

O rapaz então entrou na sala e, depois da relação sexual, saiu de lá bastante aflito, sendo obrigado a aguardar a namorada por mais alguns minutos. Foi neste momento em que, segundo a polícia, Diogo molestou a garota, chegando a consumar o ato sexual e a tirar mais fotos dela. Depois que a jovem saiu, o segurança pediu que o casal não contasse nada aos pais e o liberou.

A ordem não foi atendida, pois a mãe e o tio do garoto foram buscá-los no Jardins e ouviram toda a história quando os jovens ainda entravam no carro. "Assim que saíram do shopping, as vítimas foram à Delegacia Plantonista registrar o boletim de ocorrência e ao IML para fazer o exame de corpo delito. Recebemos as informações do caso na manhã de sábado e, pela sua gravidade, atendemos os adolescentes durante a tarde e agilizamos logo todas as providências ainda no sábado", disse Renata Aboim.