Quinta, 26 De Dezembro De 2024
       
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Polícia mata 4 e prende 6 membros de quadrilha


Publicado em 23 de outubro de 2012
Por Jornal Do Dia


A apresentação da quadrilha

bananas de dinamite apreendidas pela polícia

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br

Mais uma grande quadrilha de assaltantes de banco foi desarticulada em Sergipe. Desta vez, neste final de semana, foi a vez de um grupo formado por nove alagoanos, em sua maioria de Arapiraca, apontado como autor de várias explosões contra cofres e caixas eletrônicos de agências bancárias de Sergipe, Bahia e Alagoas. O cerco contra o grupo se fechou na madrugada deste domingo, quando os núcleos de elite das polícias Civil e Militar de Sergipe e de Alagoas deflagraram duas ações simultâneas e abortaram um assalto contra a agência do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) em Gararu (Baixo São Francisco), cujo cofre seria explodido pelos criminosos.

Em Traipu (AL), policiais da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic) e do Tático Integrado de Grupos de Resgates Especiais (Tigre) prenderam três suspeitos que atravessaram o Rio São Francisco e ficaram feridos quando um carro usado por eles capotou durante a tentativa de fuga: Erivânio Valeriano Gomes, Jadielson dos Santos e Jerdas Dias de Oliveira, o ‘Nem’, 43 anos – este apontado como chefe da quadrilha. Horas depois, três parentes de ‘Nem’ foram presos na casa dele, em Arapiraca: o pai José Dias de Oliveira, 63, a esposa Rosicleide Palmeira de Oliveira, e o filho Jeferson Palmeira de Oliveira.

No lado sergipano, em Porto da Folha (Sertão), outros quatro homens se esconderam em uma chácara e trocaram tiros durante 25 minutos com integrantes do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), da Divisão de Inteligência e Planejamento Policial (Dipol) e do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar. Com eles, foi apreendido um fuzil Mosquefal calibre 762, considerado um dos mais mortais do ramo. "Este tipo de fuzil é de uso exclusivo do Exército e tem um poder de fogo devastador. Para se ter uma ideia, se colocarmos dez pessoas em uma fila, a munição desta arma atravessaria o corpo de todas elas", explica o comandante geral da Polícia Militar, coronel Maurício Iunes, que comandou pessoalmente o efetivo do COE em Porto da Folha.

Ainda segundo Iunes, o fuzil foi usado pelos criminosos para atirar nos policiais do COE no momento em que eles cercavam a chácara, após uma caminhada pelo mato. "Em nenhum momento eles esboçaram a possibilidade de se entregar e dispararam dezenas de tiros. Nós rechaçamos esse ataque e infelizmente acabamos atingindo os quatro cidadãos que lá estavam", afirma o coronel, frisando que "certamente haveria seqüelas" caso esse confronto acontecesse em uma área povoada.  

Os quatro suspeitos morreram no Hospital Regional de Propriá, para onde foram levados após o tiroteio. Até a tarde de ontem, três deles foram identificados pelo Instituto Médico-Legal (IML): José Divaci da Silva, Cristiano dos Santos Barreto, e o presidiário Cleovânio Oliveira Costa, 32, ex-integrante da quadrilha envolvida no assassinato do escrivão de polícia Flávio Santos de Oliveira Matos, em 22 de junho de 2010, durante um assalto à agência dos Correios de Frei Paulo (Agreste). Cleovânio estava foragido desde 2011, quando recebeu a saída temporária para visitar a esposa, e não retornou ao presídio.

Poder de fogo – Além do Mosquefal, foram apreendidas munições de vários calibres, três pistolas calibre 380 e cinco revólveres calibre 38, todos roubados de empresas de vigilância de Aracaju e de Maceió. Também foram achados dois radiocomunicadores e três telefones celulares. Já na casa de ‘Nem’ em Arapiraca, vigiada por dezenas de câmeras de segurança, foram apreendidos mais de 50 quilos de bananas de dinamite, os quais seriam usados na detonação dos caixas e cofres. O material, usado geralmente em pedreiras, tem a venda e fabricação controladas igualmente pelo Exército.

Em alguns casos, a dinamite era usada também para ameaçar reféns durante os assaltos. "Eles agiram no nosso estado explodindo caixas eletrônicos e inclusive seqüestrando os gerentes de agências bancárias, utilizando esses explosivos na cintura dos reféns para forçá-los a ir ao banco e retirar todo o valor que estivesse nos cofres", revelou a delegada Maria Angelita Souza, chefe do Setor Especial de Roubos a Bancos (Serb), ligado ao Deic alagoano, acrescentando que outros cinco membros da quadrilha foram presos em julho deste ano na cidade de Piaçabuçu (AL).

De acordo com Angelita, "dezenas de ocorrências deste tipo foram registradas na capital e no interior" de Alagoas.  Duas delas ocorreram neste mês, com participação da quadrilha: as explosões em Major Izidoro, no dia 3, e em Olho D’Água Grande, na quinta-feira passada. As investigações mostraram ainda que a quadrilha não tinha conhecimento técnico sobre o manuseio dos explosivos, porque explodiam tantos os cashs eletrônicos como toda a agência bancária. Foi o que aconteceu na explosão do Banco do Brasil de Boquim (Centro-Sul), em 1º de junho deste ano, quando toda a área dos caixas foi destruída.

A ocorrência, única registrada até agora em Sergipe, foi a que chamou a atenção da polícia sergipana para a ação do grupo. Fora de Alagoas, além de Boquim e Gararu, o grupo também assaltou bancos de Ilha das Flores (Baixo São Francisco) e Coronel João Sá (BA). Para o diretor do Cope sergipano, delegado Everton Santos, as polícias dos dois estados têm duas prioridades: identificar os foragidos da quadrilha e saber a origem dos explosivos e quem e como eles conseguiram esse material. "Vamos solicitar informações do Exército Brasileiro, a fim de descobrir como os criminosos conseguiram esse material", destacou.

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