Polícia suspeita que ‘sequestro’ de jovem teria sido forjado
Publicado em 01 de fevereiro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Milton Alves Júnior
Depois de agentes da Polícia Militar terem resgatado uma mulher supostamente vítima de sequestro, o setor de inteligência da Superintendência da Polícia Civil identificou contradições nos depoimentos protocolados até o início da tarde de ontem, e passou a não descartar a possibilidade de o desaparecimento ter sido forjado. Conforme destacado pelo JORNAL DO DIA na edição do último sábado, 27, agentes do 4º BPM percorreram durante mais de cinco horas trechos densos compostos por vegetação de capoeira e caatinga até avistar a mulher deitada próximo a um riacho. A princípio, a mulher relatou que foi convidada pelo ex-namorado para conhecer Canindé de São Francisco, no início de janeiro, onde ele trabalha e tem residência fixa.
Em depoimento na delegacia regional revelou ainda que pouco tempo depois, ela acompanhou o homem até o local conhecido como Prainha de Canindé, onde, sob ameaça de uma arma de fogo, foi obrigada a entrar em uma área de mata fechada. A mulher também informou que o denunciado esteve várias vezes no local e a obrigou a tomar medicamentos que causavam forte sonolência. Em um desses momentos, o suposto sequestrador teria deixado uma garrafa contendo uma mistura de água e veneno. O cenário de denúncias começou a mudar depois que o homem apontado como autor do então crime, foi convocado para prestar depoimentos; fatos narrados que coincidem com outros encaminhamentos da investigação.
Pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/SE), foi revelado que no decorrer da apuração policial, várias imagens de câmeras de segurança foram recolhidas e analisadas, o que permitiu identificar que ela circulava em estabelecimentos comerciais, mesmo durante o período dos supostos desaparecimento e sequestro. “Fomos informados pelo delegado responsável pela investigação de desaparecimento sobre possíveis incongruências no caso. Diante dessa informação, fomos ao hospital e conversamos com o médico que atendeu a suposta vítima do sequestro. O médico nos relatou situações que chamaram a sua atenção”, afirmou o delegado de Canindé do São Francisco, Douglas Lucena. Quem coordena as investigações é o delegado Edvânio Dantas, lotado na Delegacia Regional de Itabaiana.
“Segundo a jovem, o cativeiro era em local a céu aberto, na cidade de Canindé, onde ela estava exposta ao sol e à noite e, durante os 15 dias, ela ficou sem nenhuma alimentação, porém não tinha nenhum sinal de desidratação e não existiam sinais de picadas de mosquito e sequer insolação em sua pele. Inclusive, não existiam os hematomas que configurassem a narrativa apresentada pela jovem, de que foi mantida amarrada pelas pernas e mãos durante os 15 dias pelo namorado”, disse. Se porventura for constatado pela Polícia Civil que a denunciante não procedeu com a verdade, ela pode responder pelos crimes de comunicação falsa e denunciação caluniosa.