Sexta, 10 De Janeiro De 2025
       
**PUBLICIDADE
Publicidade

Policiais na política


Publicado em 15 de agosto de 2020
Por Jornal Do Dia


 

* Antonio Passos
Acredito que a clássica frase escrita pelo compositor Noel Rosa sobre o samba, caiba também ao olharmos para os variados desempenhos alcançados nas disputas eleitorais. Parafraseando o sambista, digo: "ninguém aprende política no colégio". Não estou me referindo à Ciência Política, estudada e pesquisada nas academias. Nem tampouco às noções que recebi no longínquo componente curricular Organização Social e Política Brasileira (OSPB), quando os quatro primeiros anos escolares eram chamados de primário.
Falo aqui de política em um sentido bem prático, como demonstração de talento para construir aquilo que, após algum tempo, passa a ser publicamente reconhecido como uma carreira eleitoral exitosa. Uma evidência de que um bom traquejo político não está vinculado a uma formação específica é o fato de que temos exemplos de lideranças políticas consolidadas, vindas das mais variadas áreas.
Apesar da grande variedade de formações entre as pessoas que alcançam êxito na política, um fenômeno que a passagem do tempo me permitiu observar é a existência de uma sucessão de ondas. Explico-me. Por exemplo, houve um tempo no qual os advogados dominaram as urnas. Em outra época veio a onda dos radialistas: muitos se lançaram nas águas da política, uns poucos demonstraram efetivo talento. O atual deputado federal Fábio Henrique é um exemplo de bom aproveitamento do momento em que as urnas sorriram para os radialistas.
Agora percebo uma onda favorável à policiais – não por acaso, já são muitos os pré-candidatos dessa área lançados às próximas eleições. Essa é uma onda recente no Brasil e em Sergipe e reflete a grande revalorização pela qual vêm passando as carreiras policiais de uns trinta anos para cá. Se essa onda está no início, no pico ou começando a desmanchar-se na areia só o tempo dirá.
No passado não era assim. Nos anos 1980, quando o Brasil começou a ser redemocratizado, as carreiras policiais, de modo geral, eram socialmente menosprezadas. Policiais eram servidores muito mal remunerados, com formação rudimentar e com imagem vinculada a apadrinhamentos políticos e não a uma carreira típica de estado. Na época, que eu me lembre, era quase nenhuma a inserção de egressos da atividade policial na política.
Em Aracaju, um caso atípico de eleição de um policial para a Câmara de Vereadores ocorreu em 1988. Naquele ano, impedido de ser candidato a prefeito, Jackson Barreto candidatou-se a vereador, obteve uma votação surpreendente e assim elegeu muitos companheiros da coligação, entre os quais Sérgio Goes que era patrulheiro rodoviário (posteriormente a carreira recebeu a designação de Policial Rodoviário Federal). Cabe ressaltar que Sérgio Goes soube bem aproveitar aquela brecha, elegendo-se para legislaturas seguintes e chegando a ocupar a presidência da casa. Mais recentemente vimos a ascensão do capitão Samuel à Assembleia Legislativa – o que me parece um marco no tocante à capacidade de mobilização dos policiais militares. Na Câmara de Vereadores de Aracaju temos atualmente os cabos Amintas e Didi. Porém, até o momento, a maior demonstração de acolhimento eleitoral dado pela sociedade a uma candidatura associada à atividade policial, foi a eleição para o Senado do delegado Alessandro Vieira.
Agora já temos conhecimento de pré-candidaturas colocadas e outras insinuadas de diversos nomes vinculados a área da segurança pública, entre os quais: Danielle Garcia; Katarina Feitoza; Georlize Teles e o ex-Superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Nelson Felipe… A lista seguramente é maior que o extrato que acabo de mencionar. Curiosamente, a PRF, que não está entre as corporações numericamente maiores, apresenta um histórico de êxitos eleitorais: o ex-vereador Sérgio Goes e o atual deputado federal Fábio Henrique exerceram a fiscalização e o patrulhamento nas rodovias federais em Sergipe, antes de transitar com desenvoltura pelos caminhos da política.
* Antonio Passos é jornalista

* Antonio Passos

Acredito que a clássica frase escrita pelo compositor Noel Rosa sobre o samba, caiba também ao olharmos para os variados desempenhos alcançados nas disputas eleitorais. Parafraseando o sambista, digo: "ninguém aprende política no colégio". Não estou me referindo à Ciência Política, estudada e pesquisada nas academias. Nem tampouco às noções que recebi no longínquo componente curricular Organização Social e Política Brasileira (OSPB), quando os quatro primeiros anos escolares eram chamados de primário.
Falo aqui de política em um sentido bem prático, como demonstração de talento para construir aquilo que, após algum tempo, passa a ser publicamente reconhecido como uma carreira eleitoral exitosa. Uma evidência de que um bom traquejo político não está vinculado a uma formação específica é o fato de que temos exemplos de lideranças políticas consolidadas, vindas das mais variadas áreas.
Apesar da grande variedade de formações entre as pessoas que alcançam êxito na política, um fenômeno que a passagem do tempo me permitiu observar é a existência de uma sucessão de ondas. Explico-me. Por exemplo, houve um tempo no qual os advogados dominaram as urnas. Em outra época veio a onda dos radialistas: muitos se lançaram nas águas da política, uns poucos demonstraram efetivo talento. O atual deputado federal Fábio Henrique é um exemplo de bom aproveitamento do momento em que as urnas sorriram para os radialistas.
Agora percebo uma onda favorável à policiais – não por acaso, já são muitos os pré-candidatos dessa área lançados às próximas eleições. Essa é uma onda recente no Brasil e em Sergipe e reflete a grande revalorização pela qual vêm passando as carreiras policiais de uns trinta anos para cá. Se essa onda está no início, no pico ou começando a desmanchar-se na areia só o tempo dirá.
No passado não era assim. Nos anos 1980, quando o Brasil começou a ser redemocratizado, as carreiras policiais, de modo geral, eram socialmente menosprezadas. Policiais eram servidores muito mal remunerados, com formação rudimentar e com imagem vinculada a apadrinhamentos políticos e não a uma carreira típica de estado. Na época, que eu me lembre, era quase nenhuma a inserção de egressos da atividade policial na política.
Em Aracaju, um caso atípico de eleição de um policial para a Câmara de Vereadores ocorreu em 1988. Naquele ano, impedido de ser candidato a prefeito, Jackson Barreto candidatou-se a vereador, obteve uma votação surpreendente e assim elegeu muitos companheiros da coligação, entre os quais Sérgio Goes que era patrulheiro rodoviário (posteriormente a carreira recebeu a designação de Policial Rodoviário Federal). Cabe ressaltar que Sérgio Goes soube bem aproveitar aquela brecha, elegendo-se para legislaturas seguintes e chegando a ocupar a presidência da casa. Mais recentemente vimos a ascensão do capitão Samuel à Assembleia Legislativa – o que me parece um marco no tocante à capacidade de mobilização dos policiais militares. Na Câmara de Vereadores de Aracaju temos atualmente os cabos Amintas e Didi. Porém, até o momento, a maior demonstração de acolhimento eleitoral dado pela sociedade a uma candidatura associada à atividade policial, foi a eleição para o Senado do delegado Alessandro Vieira.
Agora já temos conhecimento de pré-candidaturas colocadas e outras insinuadas de diversos nomes vinculados a área da segurança pública, entre os quais: Danielle Garcia; Katarina Feitoza; Georlize Teles e o ex-Superintendente da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Nelson Felipe… A lista seguramente é maior que o extrato que acabo de mencionar. Curiosamente, a PRF, que não está entre as corporações numericamente maiores, apresenta um histórico de êxitos eleitorais: o ex-vereador Sérgio Goes e o atual deputado federal Fábio Henrique exerceram a fiscalização e o patrulhamento nas rodovias federais em Sergipe, antes de transitar com desenvoltura pelos caminhos da política.

* Antonio Passos é jornalista

 

**PUBLICIDADE



Capa do dia
Capa do dia



**PUBLICIDADE


**PUBLICIDADE
Publicidade