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Fake news e divergências na escolha do candidato governista


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Publicado em 15 de janeiro de 2022
Por Jornal Do Dia Se


‘Feirante’, de Angélica Valadão.

O deputado federal Fábio Mitidieri(PSD) iniciou a semana cometendo uma fake news: disse que o prefeito Edvaldo Nogueira (PDT) havia desistido da disputa para o ser o candidato do bloco ao governo do estado. Foi o governador Belivaldo Chagas (PSD) quem veio a público dizer que não havia sido informado sobre tal decisão.
Não foi informado porque não existiu. Edvaldo continua disposto a ser o candidato e parece o único em condições de derrotar o senador Rogério Carvalho (PT), que deixou o grupo para se apresentar como candidato do partido, liderando um grupo com o apoio do diretório estadual do PT e do ex-presidente Lula, que deverá ser o principal cabo eleitoral nestas eleições.
A beligerância com que age o deputado Mitidieri nesse processo de definição do candidato governista está surpreendendo a todos, e pode deixar sequelas incontornáveis no decorrer da campanha eleitoral. Herdeiro e milionário, Fábio atua como um verdadeiro membro da elite que não pode ser contrariado. Como o primeiro do grupo a dizer que gostaria de ser o candidato a governador, acha que tem que ser o escolhido, sem a necessidade de uma análise mais acurada.
Não deveria ter dado o aval para que Belivaldo fosse o coordenador do processo de definição do candidato. Ele é cauteloso e não costuma definir nada sob pressão. O governador nunca deixou claro os critérios que usaria para bater o martelo em torno de um dos nomes. Pesquisa, apoio de lideranças e/ou perspectivas concretas de vitória? Desde que surgiram os nomes dos interessados na disputa – além de Fábio e Edvaldo, o deputado federal Laércio Oliveira (PP) e o conselheiro do TCE Ulices Andrade – acompanha a desenvoltura de cada um.
Esta semana Belivaldo deu sinais claros de que está irritado com o disse me disse do processo de definição do candidato, dando respostas ríspidas, ou desviando o foco. No final deste mês o governador deverá reunir pela segunda vez os quatro pretendentes, mais dirigentes partidários, o ex-governador Jackson Barreto e o ex-deputado federal André Moura (PSC), cotados para o senado, mas ainda não deverá ser batido o martelo. A escolha ficará para depois do Carnaval.
Fábio Mitidieri tem pressa na definição, e sugere que tem que ser logo, para que os deputados federais e estaduais possam aproveitar a janela partidária do mês de março – quando é permitida a troca de partido sem o risco de perda de mandato – para acomodações. O calendário eleitoral, no entanto, não impõe tanta pressa, a não ser para Edvaldo Nogueira, que para ser o candidato do grupo teria que renunciar ao mandato de prefeito de Aracaju em dois de abril. Fábio não tem que renunciar a nada e se mantém em campanha permanente desde 2018, quando foi reeleito deputado com a maior votação do estado.
Edvaldo é o único que tem a perder. Administra Aracaju pela quarta vez, capital que centraliza todas as decisões do estado e tem um orçamento equivalente a 1/3 do executivo estadual. E três anos de mandato a cumprir, conferidos com folga pelo eleitorado em 2020.
O conselheiro Ulices Andrade também teria que renunciar para ser o candidato. Perderia a influência do cargo, mas levaria pra casa a generosa aposentadoria garantida aos membros do TCE.
O período para a definição do candidato governista não poderia ser mais conturbado. O governo do estado acompanha a volta da pandemia da covid-19 sem a estrutura necessária adotada no período 2020/2021, o perigoso contágio das síndromes gripais, além da revolta dos policiais civis e militares, que esta semana cercaram o Palácio de Despachos e iniciaram a chamada operação-padrão, quando são executadas ações dentro das normas previstas. O movimento Polícia Unida, que cobra reajuste salarial e pagamento de gratificação de periculosidade, foi considerado ilegal pela justiça.
O governador anunciou que pretende encaminhar no mês de fevereiro à Assembleia Legislativa, logo após o fim do recesso parlamentar, projeto de lei concedendo reajuste salarial a todos os servidores estaduais, que, em muitos casos, estão sem recomposição inflacionária há mais de 10 anos. Nada que chegue perto as perdas que ultrapassam 50%.
Cercado por problemas administrativos graves desde o início da gestão, o governador agora está sendo acuado por aliados para que defina logo o nome do candidato. É um risco. Belivaldo pode simplesmente lavar as mãos e se afastar do processo eleitoral.
O chamado consenso na escolha do candidato do bloco governista não será obtido. Da forma como está sendo conduzida a definição do nome, um ou outro descartado poderá até não migrar para a oposição, mas cruzará os braços e cuidará apenas dos seus próprios interesses.

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