Prefeitura tenta forçar desocupação de unidade do CRAS do bairro Coqueiral
Publicado em 14 de setembro de 2022
Por Jornal Do Dia Se
Milton Alves Júnior
As últimas 48 horas têm sido de conflito intenso entre agentes da Guarda Municipal de Aracaju, Polícia Militar, e famílias que no final do mês julho decidiram ocupar o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Maria José Meneses Santos, localizado no conjunto Coqueiral, bairro Porto Dantas, zona Norte da capital sergipana.
Na tentativa de remover as famílias do local, na tarde da segunda-feira (12), foram cortados os serviços de água e energia, bem como impedida a entrada de alimentos – incluindo para crianças e idosos; já na madrugada de ontem agentes da GMA buscaram inviabilizar que pessoas entrassem no espaço. As medidas, de imediato, geraram resistência por parte dos ocupantes.
Por volta das 7h um novo conflito intenso foi registrado no local. O segundo em menos de um mês. No dia 17 de agosto representante das 28 famílias informaram à prefeitura de Aracaju – por intermédio da Secretaria Municipal de Assistência Social -, que a invasão ao CRAS se fez necessária e urgente em virtude do impacto causado pelas chuvas intensas e rajadas de vento contra os barracos em que residiam. Foco dos protestos, a luta do grupo é pelo repasse em caráter emergencial de auxílio-moradia. Por conta da ocupação, os serviços públicos realizados pelo CRAS Maria José de Menezes precisaram ser suspensos por tempo indeterminado. Medidas paliativas foram adotadas pela administração municipal.
Em decorrência dessa ocupação, a prefeitura de Aracaju segue orientando que os usuários – os quais precisarem de atendimento socioassistencial – se dirijam para o CRAS Porto Dantas; localizado a menos de 5 km de distância.
De acordo com a moradora Viviane Silva, há mais de três meses as famílias enfrentam graves dificuldades e pedem o apoio da prefeitura, mas não são atendidas. “Estamos aqui para exigir nossos direitos porque estávamos morando na ocupação, uma favela, dentro de barracos e muitas pessoas vinham sofrendo roubos, enquanto saíam para trabalhar tinham seus poucos pertences roubados. Fora que éramos obrigados a conviver com ratos, cobras e escorpiões, sem dignidade alguma. Decidimos não morar mais em barracos, desmanchamos tudo, realizamos um ato de protesto na Câmara dos Vereadores”, declarou.
Segundo a invasora, durante o encontro com alguns parlamentares municipais, ficou prometido assistência, em especial, ao garantir que as demandas seriam imediatamente repassadas para um departamento responsável. Os manifestantes denunciaram que desde a reunião, o tempo passou, muitos desabrigados precisaram pedir socorro a parentes e amigos, enquanto aguardava por resposta. “Como ninguém falava nada, decidimos ocupar este prédio para exigir nossos direitos. Não estamos ligados a nenhum tipo de movimento político ou social, somos apenas moradores da ocupação chamada Copacabana, que fica na região do Coqueiral, pela Euclides Figueiredo. A ocupação já existe há três anos e até hoje o poder público não realizou nenhum tipo de cadastro das famílias e pessoas que ali habitam”, completou Viviane.
Contraponto – Por meio de nota pública, a Secretaria Municipal da Assistência Social informou que algumas famílias ocuparam o espaço e seguiam reivindicando o recebimento do Auxílio-moradia. Essas famílias já receberam as visitas técnicas das equipes da Diretoria de Gestão Social da Habitação para a realização do cadastro socioeconômico e as que atendem os critérios para recebimento do benefício serão inseridas na lista de demandas da Diretoria de Habitação.