Preso grupo paulista que arrombava cashs no NE

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br   

Uma operação conjunta das Polícias Civil e Militar de Sergipe, com participação de agentes da Polícia Civil da Paraíba, conseguiu desarticular, na madrugada de ontem, uma quadrilha de assaltantes de banco que agia em Sergipe, Paraíba e Pernambuco.

Sete acusados, sendo seis de São Paulo e um de Minas Gerais, foram investigados durante 15 dias e são acusados por, pelo menos, cinco furtos contra agências bancárias dos três estados, os quais causaram um prejuízo de mais de R$ 500 mil às instituições. Entre os crimes, está o roubo de R$ 70 mil de uma agência do Banco do Brasil em Salgado (Centro-Sul), ocorrido no dia 6 de outubro, véspera das eleições municipais.

Quatro dos acusados foram presos em uma pousada do bairro Siqueira Campos (zona oeste de Aracaju) e os outros três estavam em uma pousada no centro de Itabaiana (região Agreste). Foram presos os paulistas Odair José Moura, 22 anos, Raphael Margado Silva, 26, Bruno Rodrigues de Andrade, 18, Guilherme Miron da Silva, 19, Paulo Guilherme de Carvalho Neto, 23, Elizeu Cordeiro, 27, e Jhonatham da Silva Draije, 22, apontado como chefe da quadrilha. Com eles, a polícia apreendeu seis celulares, R$ 1.070 em dinheiro, um guincho de carro, material elétrico acoplado em uma espécie de controle para confundir o sistema dos caixas eletrônicos, dois amassadores de maconha e fardas da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

O grupo, segundo a polícia, foi preso quando planejavam assaltar em uma agência bancária de Moita Bonita (Agreste). "Na quinta-feira, eles fariam esse novo crime e fizeram até a preparação das portas. Como eles viram a movimentação de polícia, o crime foi frustrado, e mesmo assim eles foram detidos", disse o diretor do Complexo de Operações Policiais Especiais (Cope), delegado Everton Santos. De acordo com ele, a polícia sergipana entrou no caso após o roubo de Salgado, mas o grupo já era investigado desde abril pelo Grupo de Operações Especiais (GOE) da polícia paraibana, após roubos semelhantes ocorridos em dois bancos de João Pessoa (PB) e outros dois de Recife (PE).

O GOE da Paraíba obteve imagens do circuito interno de TV das agências, as quais mostram os assaltantes arrombando os caixas eletrônicos dos bancos, usando os equipamentos encontrados em um método conhecido como "pescaria".  "Eles isolam a porta das agências antes que elas travem e durante a madrugada retornam para fazer a ‘pescaria’ dos caixas eletrônicos, com o aparelho que eles chamam de guincho. Depois eles estouram a parte plástica do cash e ali provocam um curto circuito no sistema dos caixas, que acabam liberando todo o dinheiro das gavetas", explicou Everton.

O comandante-geral da PM sergipana, coronel Maurício Iunes, explicou que o equipamento fundamental da quadrilha é um guincho industrial e um cabo de choque elétrico acoplado em uma máquina. A junção desses equipamentos possibilita aos criminosos remover todo o dinheiro. "O arrombamento era feito pela parte frontal da máquina, onde os danos eram mínimos. O barulho era quase nulo. Além disso, eles sempre agiam de madrugada, entre 2h e 4h da manhã", enfatizou o coronel.

A ‘pescaria’ revelou uma nova modalidade de arrombamentos e surpreendeu as polícias pela ousadia. "Para nós, pelo menos no tocante à Paraíba, se trata de um crime novo, sobre tudo pela forma como eles atuavam. Aqui, o usual é o uso de explosivos e de outros métodos mais violentos", destacou o delegado paraibano Cristiano Jacques, acrescentando que, depois dos crimes, a quadrilha fugia para São Paulo ou para outras capitais nordestinas. Já o dinheiro roubado era gasto com roupas, perfumes, festas e viagens de avião. "Essa quadrilha acreditava que não seria presa aqui no Nordeste e, por isso, vinha pra cá", completou.

Os acusados permanecerão presos em Sergipe e devem responder pelo assalto em salgado. Para esta segunda-feira, está prevista a chegada de policiais da Bahia e de Alagoas, pois existe a suspeita de que agências bancárias destes estados também tenham sido roubadas. A polícia de São Paulo também vai acompanhar o caso.