Atenção aos homens de carne e osso (Arquivo)
**PUBLICIDADE
Preto, pobre, marginal
Publicado em 20 de novembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
.
20 de setembro é Dia Nacional da Consciência Negra. A coluna aproveita a oportunidade para lembrar a existência de Lima Barreto, um dos maiores escritores brasileiros, um homem negro.
A demanda represada pela presença de autores negros nas alturas da inteligência tupiniquim é escandalosa. Neste sentido, a produção assinada por Lima Barreto oferece um belo alento.
Preto, pobre e marginal, Lima Barreto nunca fugiu à própria condição para se afirmar na escrita. Muito ao contrário. A atenção dedicada aos homens de carne e osso, toda a gente em seu redor, resultou num dos picos da literatura brasileira, antecipando preocupações de tema e forma cultivadas até hoje.
Prova disso, não faltam aproximações possíveis entre o escritor e os de gerações posteriores. Exemplo destacado é João Antonio, que estreou com merecido estrondo, aos 26 anos, quando publicou ‘Malagueta, Perus e Bacanaço’ (1963), ambientado no subúrbio boêmio de São Paulo.
Lembro Lima Barreto e João Antônio, mas há outros, publicados antes e depois. A começar pelo próprio Machado de Assis, o maior de todos, em qualquer tempo. Os retratos do Brasil império fazem crer em um mulato de traços finos e pele quase clara, a fim de melhor assimilar a sua presença incontornável. Negro, retinto.