Privatização dos Correios
Publicado em 06 de agosto de 2021
Por Jornal Do Dia
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos já foi tida como exemplo de eficiência em serviço público. Somente após anos seguidos de sucateamento, a privatização da estatal poderia ser levada a cabo, como pretende fazer agora o presidente Jair Bolsonaro.
Bolsonaro jamais fez segredo de suas verdadeiras intenções em relação aos Correios. Mas a principal alegação realizada neste sentido, a de que a empresa só dá prejuízo, não para de pé.
Após o revés financeiro registrado entre 2013 e 2016, a estatal registrou lucro de R$ 667,3 milhões em 2017. A recuperação financeira ocorreu após a adoção de medidas relativamente simples, a exemplo da renegociação de dívidas, revisão de contratos, redução de custos com pessoal, mudanças na rede de atendimento e cobrança de novas taxas.
Como quase tudo no governo Bolsonaro, a possível privatização dos Correios atende mais ao impulso da paixão ideológica do que à razão, a lógica e os números. Com mais de 350 anos de existência, a empresa hoje subordinada ao Ministério das Comunicações, Ciência, Tecnologia e Inovação é a estatal mais vulnerável a críticas.
Fato público e notório, o sucateamento dos Correios já foi acusado até por ex-diretores da estatal. O cidadão comum, por sua vez, acostumou-se a receber contas atrasadas e arcar com os juros decorrentes das faltas alheias. O extravio de correspondência foi naturalizado corriqueiro. Um prejuízo modesto, quando comparado à função estratégica de uma empresa com os atributos dos Correios, em qualquer lugar do mundo.