O DINHEIRO APREENDIDO ESTAVA ESCONDIDO NA CUECA DURANTE ATO DE CAMPANHA
PSD apura conduta de candidato detido com dinheiro em cueca
Publicado em 23 de outubro de 2020
Por Jornal Do Dia
O diretório municipal do PSD (Partido Soci al Democrático) em Carira (Agreste) vai abrir um processo disciplinar interno para apurar a conduta do candidato a vereador Edilvan Messias dos Santos, o ‘Vanzinho de Altos Verdes’, que foi flagrado pela Polícia Militar com R$ 15,3 mil em espécie escondidos na cueca que vestia. A posição do partido foi anunciada ontem, diante da repercussão nacional provocada pelo episódio, ocorrido na tarde desta quarta-feira no povoado Altos Verdes, em Carira.
Vanzinho foi liberado na mesma tarde em que foi detido, após prestar depoimento na Delegacia de Carira. Ele vai responder em liberdade a um inquérito instaurado pela Polícia Civil, que vai apurar tanto a origem do dinheiro quanto a denúncia de uma possível prática de corrupção eleitoral. Os R$ 15,3 mil foram achados em um saco plástico que estava escondido na cueca do candidato, que alegou ter recebido o dinheiro em Itabaiana para fazer a compra de um carro, mas não apresentou qualquer comprovante do negócio. O dinheiro foi apreendido junto com uma grande quantidade de material de campanha, encontrada no carro dirigido pelo candidato. O caso está sob acompanhamento do Ministério Público Eleitoral.
Em nota, o PSD demonstrou "demonstrar a indignação com a suspeita de compra de votos por parte de um de seus integrantes" e admitiu que já vinha enfrentando outros problemas com Edilvan. "Embora o mesmo ainda esteja filiado ao partido, é fato público e notório em Carira que o mesmo não mais seguia as diretrizes e o programa partidário e inclusive estava apoiando a candidatura de candidato a prefeito de outra agremiação partidária", diz o diretório. O candidato do PSD a prefeito de Carira é o ex-prefeito Diogo Machado, mas, segundo informações, Vanzinho estava pedindo votos para um dos adversários, Robson Araújo Júnior, o ‘Doutor Robson’ (Republicanos).
Ainda na nota, o diretório local ressaltou que o PSD "não pode ser responsabilizado pela conduta de algum de seus filiados ao partido – principalmente aqueles que não seguem o ideário Social Democrata, razão pela qual, repudiamos de maneira veemente e dura, o cometimento de qualquer ato de irregularidade/ilegalidade", e frisa que confia na atuação da Justiça "para que o acaso em tela seja investigações e eventual punição aos culpados". A agremiação conclui afirmando que, após tomar conhecimento oficial dos autos da prisão em flagrante, "o Diretório tomará as medidas necessárias à apuração do ocorrido e, se for o caso, procederá imediatamente com a expulsão e cancelamento da filiação do candidato infrator, a fim de garantir a lisura do pleito e preservar a credibilidade da sigla".
O caso ganhou repercussão nacional, pois aconteceu dias depois do episódio que envolveu o senador Chico Rodrigues (DEM-RR). Na semana passada, durante a uma operação da Polícia Federal contra desvios de verbas destinadas ao combate ao coronavírus no governo de Roraima, o parlamentar foi flagrado com cerca de R$ 33 mil em notas de dinheiro na parte de trás da cueca – e segundo relatório da PF, algumas delas estavam sujas de fezes. Chico, apontado como líder do esquema investigado, foi inicialmente afastado do cargo pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas antes que esse afastamento fosse avaliado pelo plenário do Senado, o próprio senador se licenciou por 120 dias.
A defesa do candidato Vanzinho de Altos Verdes não se manifestou sobre o assunto até o fechamento desta edição.