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PT ensaia uma reaproximação com o governador Mitidieri
Publicado em 22 de fevereiro de 2025
Por Jornal Do Dia Se
A decisão do senador Rogério Carvalho (PT) em disputar a reeleição em 2026 e a falta de um novo nome competitivo no partido para ser candidato a governador reforçam os comentários sobre a
perspectiva da volta do PT a coligação que elegeu o governador Fábio Mitidieri (PSD), em 2022. A ala do PT sergipano ligada ao ministro Márcio Macêdo já apoiou Mitidieri nas eleições passadas.
Uma manifestação do prefeito de Lagarto, Sérgio Reis (PSD), esta semana, em apoio à reeleição de Rogério reforçou ainda mais a possibilidade de um novo acordão. Isso porque o prefeito é um dos mais ligados a Mitidieri, de quem foi líder na Assembleia Legislativa nos primeiros dois anos de mandato.
O próprio governador admitiu essa possibilidade, apesar de dizer de que ainda seria preciso muitas conversas para superar as divergências ocorridas em 2022, principalmente no segundo turno, quando a campanha de Rogério teria desferido ataques pessoais contra ele. Foi uma das eleições mais disputadas no Estado, quando o petista venceu no primeiro turno e foi derrotado no segundo, após ampla mobilização das máquinas públicas do governo Belivaldo Chagas e dos prefeitos dos grandes municípios, incluindo, na época, Edvaldo Nogueira (PDT), de Aracaju.
A possibilidade de o PT marchar com Mitidieri em 2026 vai de encontro a resolução política do Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) aprovada, por unanimidade, pela Comissão Executiva e o Diretório Estadual do Partido no encontro realizado no dia 14 de dezembro de 2024. O documento mostra a necessidade da busca da retomada da unidade interna, para que o partido retome “o seu papel como protagonista da luta social, articulando os diversos movimentos populares presentes na sociedade e fazendo a defesa de suas pautas”.
Hoje controlado por Rogério e o deputado federal João Daniel, o PT sergipano defende uma postura de oposição ao governo Fábio Mitidieri (PSD) e a administração de Emília Correia (PL) na Prefeitura de Aracaju. Além da reeleição do presidente Lula, o partido faz questão de alertar para a linha política: “Todas as candidaturas do PT de Sergipe em 2026 serão de combate aos projetos neoliberais e da extrema direita”.
O documento alerta para o papel dirigente do PT/SE na organização, fortalecimento e articulação com os movimentos sociais e populares: “Não podemos continuar sendo somente um partido de eleições. Precisamos reconstruir nossas bases de apoio na sociedade reafirmando nosso compromisso histórico com a classe trabalhadora e seus movimentos, estimulando e formando nossos militantes para a luta sindical, estudantil e nos demais movimentos populares, além de assumirmos, enquanto partido, a defesa de suas pautas e lutas autónomas”.
“Foi com sua história, construída junto aos movimentos sociais e populares e ao movimento sindical, como também nas instâncias institucionais do Legislativo e do Executivo, que o PT se tornou a principal força política do país em defesa da democracia, da soberania nacional e dos interesses populares, presente em todos os momentos da vida do país, especialmente nos mais difíceis. E será esse o caminho que devemos voltar a trilhar para reconstruirmos nossa base social tão importante para nos dar o suporte fundamental para os próximos desafios políticos e eleitorais que teremos pela frente”, defende em outro trecho a longa resolução.
O texto alerta que as tarefas de curto prazo para 2025/2026, são: “a) Garantir que a democracia partidária se fortaleça; b) Construir jornada de lutas no 1º semestre/ 2025, estabelecendo iniciativas com as centrais sindicais e partidos de esquerda, que estimulem o protagonismo da classe trabalhadora e reafirmação do compromisso com os movimentos sociais e populares; c) Construir as condições objetivas para a reeleição do nosso presidente Lula e do nosso senador Rogério Carvalho em 2026; d) Iniciar o processo democrático de debates, com respeito às regras estatutárias, para construir e definir a linha política, o programa e as candidaturas petistas ao governo estadual, ao senado e demais cargos proporcionais”.
Além de todos esses fatores, a política privatista do governo Mitidieri também vai de encontro as normas do PT. No ano passado, o governador entregou a Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, maior empresa pública de Sergipe, à iniciativa privada. A outorga alcançou a cifra de R$ 4,5 bilhões, sendo que pouco mais de R$ 2 bilhões cabem ao governo do estado e o restante está sendo distribuído aos municípios que aprovaram a concessão – a exceção é Capela.
Na política, no entanto, diferenças programáticas não impedem arranjos eleitorais, a exemplo do que ocorreu em 1998 quando Jackson Barreto e Albano Franco superaram divergências pessoais e políticas desde o tempo da juventude, quando cursavam Direito na Universidade Federal de Sergipe, e promoveram o maior acordão da história recente de Sergipe.
Desde a chegada de Marcelo Déda ao governo do estado, em 2006, o PT sergipano sempre fechou os olhos para divergências e aceitou todo tipo de aliança. Não deverá ser diferente em 2026.