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Qual patriotismo mais lhe agrada?


Publicado em 10 de dezembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


* Antonio Passos

 

A palavra patriota está em alta no Brasil. Até um partido político a adotou: o Patriota! Mais do que isso, há hoje um grande levante social em torno desse sentimento.
A ideia básica é simples. Consiste na crença de que o Brasil está dominado por grupos que se apropriam das riquezas e da força de trabalho do país, em proveito próprio.
Interessante que essa bandeira, no curso da história, já foi levantada e tremulada por personagens bem distintos entre si.
Para não ir muito longe, comecemos nossa jornada pelos governos militares pós-64. Todos exortaram o patriotismo. Daí o famoso slogan imperativo: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
Com a redemocratização, o político que mais exaltava o sentimento patriótico era o nacionalista Leonel Brizola. Curiosamente, um dos caçados pelos militares.
Nos veementes discursos do gaúcho, fundador do PDT, era bastante utilizada a metáfora da sangria. Forças externas e internas, em conluio, sugam o sangue do Brasil, gritava Brizola.
Agora, o patriotismo volta ao centro do palco. Inicialmente puxado por saudosistas do regime militar e toda a variedade de figuras e nomes rotulados como de extrema direita.
Contudo, olhando com mais rigor, vê-se que é um sentimento difuso, persistente e que escapa a uma apropriação exclusiva por um ou outro espectro ideológico.
Nos discursos atualmente proferidos por deputados federais e senadores, nos plenários, é recorrente o apelo ao patriotismo, ligado aos mais diversos temas.
Percebe-se, no quadro geral, duas vertentes principais propondo o que seria uma atitude patriótica. Esse antagonismo configura o cenário da atual polarização política.
Por um lado, há o grupo que associa ação patriótica e justiça social. Para tanto, o estado é percebido como o grande instrumento indutor desse ideal.
Essa tendência entende que a soberania nacional passa por um estado forte e bem articulado, no contexto de um compromisso com a solidariedade entre as nações.
Por via contrária, há os que associam as mazelas nacionais ao que consideram um estado grande demais. Esses, veem no orçamento público o vilão que empobrece o país.
Com frequência, defendem a desregulamentação das atividades econômicas. Criticam a máquina pública e resgatam a metáfora do “país dos marajás”.
Denunciam a pauta ambiental como um instrumento externo para dominar o Brasil. Não raro, propõem uma agressiva exploração econômica da região amazônica.
Esta é uma exposição panorâmica, apenas para apresentar nuances do patriotismo contemporâneo no Brasil. E quanto a você: qual dessas tendências mais lhe agrada?

 

* Antonio Passos é jornalista

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