Quarta, 22 De Janeiro De 2025
       
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QUANDO ELEITORES FICAM DO OUTRO LADO DA RUA


Publicado em 25 de outubro de 2014
Por Jornal Do Dia


Quando o PSB sergipano fez, na Associação dos Agrônomos, um ato público de apoio a Aécio Neves, no auditório que não é tão grande, estavam pessoas que na sua maioria foram levadas pelo PSC dos derrotados irmãos Amorim, do DEM e do PSDB. Integrantes mesmo do PSB eram muito poucos. De todos os prefeitos do PSB, que seriam dez, só um compareceu ao ato, foi Eduardo Marques, de Pinhão. Eduardo é um civilizadíssimo conservador, político que tem formação intelectual e ideológica que nada o aproxima do socialismo. Filiou-se ao PSB como tantos outros, menos por afinidade ideológica e, muito mais, por lealdade ao velho amigo senador Valadares, de quem foi assessor na Secretaria da Educação no governo Augusto Franco. Eduardo sempre votou no lado oposto à esquerda, e sua presença ali era uma demonstração da sua coerência política, mas, tendo votado em Jackson Barreto e lhe garantido larga margem de votos em Pinhão, Eduardo fez, no seu discurso, a ressalva de que continuava ao lado do governador reeleito e somente naquele episódio não o seguia. Apenas um curioso detalhe: Quando Maluf foi candidato à presidência da República, Eduardo ainda não se decidira em quem votar. Três dias antes da eleição ligou para o candidato e comunicou-lhe que iria votar nele. Pinhão, com reduzido eleitorado, votou quase todo em Maluf, e foi o único município brasileiro fora de São Paulo onde o polêmico (e bota polêmico nisso) presidenciável paulista, conseguiu ter maioria de votos.
Uma outra curiosidade a registrar, por sinal repleta de sinalizações, motivos, e também consequências: Havia um numeroso aglomerado de militantes do outro lado, e não era apenas do lado oposto da rua. Aquela pequena distância, muito além do que o simples espaço físico, marcava claras e talvez permanentes divergências. Do outro lado ficavam os que faziam uma entusiasmada manifestação a favor de Dilma. Todos eles foram eleitores do senador Antônio Carlos Valadares nos dois últimos mandatos por ele conquistados.
O sempre comedido e sensato senador, ao que se diz, influenciado pelo presidente estadual do PSB, o agrônomo Paulo Viana, que é também seu conselheiro político, teria optado por Aécio, quando, a depender do habilidoso e equilibrado deputado federal reeleito Valadares Filho e mais ainda do vice-governador eleito, o coerente Belivaldo Chagas, teria permanecido no mesmo grupo que integrava desde que se aproximou de Marcelo Déda, ajudou fortemente duas vezes a elegê-lo governador, assumindo, ao mesmo tempo, compromissos com uma política de transformações sociais ao lado de Lula e de Dilma. Paulo Viana participou de todos esses episódios, foi secretário da Agricultura de Déda e mais recentemente, nomeado por Dilma, ocupou a superintendência da CODEVASF. Com apoio do senador Valadares, que era aliado de Dilma, permaneceu no cargo, vencendo a disputa com o grupo dos Amorim, cujo representante em Brasília, o senador Eduardo, na ocasião também aliado de Dilma, exigiu, sem sucesso, a direção da CODEDVASF em meio a uma chuva de pesadas acusações ao senador Valadares e ao seu grupo, desfechadas pela Rede Ilha, de Edivan Amorim.
Esses episódios muito recentes eram relembrados por quem estava segurando bandeiras de Dilma vendo, do outro lado, o senador em quem votaram, envolvido pelas bandeiras de Aécio, agitadas pelos partidários do PSC, DEM e PSDB, exatamente o grupo político que ele, Valadares, ajudou a derrotar, por sinal fragorosamente em Sergipe, quando reelegeu-se Jackson Barreto.

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