Quatro presos e um foragido em ação contra fraude no DPVAT
Publicado em 25 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
A Polícia Civil realizou a ‘Operação Hidra’, que investiga um esquema de fraudes contra o seguro DPVAT, através de laudos e documentos falsificados. Quatro suspeitos de envolvimento nos crimes foram presos, em cumprimento a mandados de prisão preventiva decretados pela Justiça. Entre os presos está um policial militar da ativa, que se apresentou espontaneamente em seu batalhão, após a convocação do Comando da Polícia Militar. O nome dele não foi divulgado.
Outro acusado é Diógenes Barbosa Gomes, suspeito de ser o principal articulador dos golpes e que foi preso perto de sua residência, onde também foram presos outros dois integrantes do grupo.O suspeito é filho de um policial militar reformado que já foi investigado por outros crimes de fraude contra o DPVAT. Um quinto acusado, Carlos Alberto Pereira Lima, não foi encontrado pela polícia e foi considerado foragido. Segundo informações, ele fugiu para o interior do estado, onde está em local desconhecido.
As prisões foram realizadas desde a última quarta-feira, quando os investigadores começaram a cumprir os mandados de prisão. Já as investigações, conduzidas pelo Departamento de Crimes contra o Patrimônio (Depatri), começaram em 2019 e identificaram as fraudes na liberação de pagamentos do seguro obrigatório, que é destinado a indenizar vítimas de acidentes de trânsito. O total do prejuízo causado ainda está sendo contabilizado pelos investigadores,
Em regra, as fraudes contra o Seguro DPVAT, praticadas em todo o país, contam com a participação de uma pessoa responsável por cooptar os "laranjas", que são os futuros beneficiários que, em troca de pequenas vantagens, fornecem suas contas bancárias e seus documentos pessoais para serem fraudados e utilizados na falsificação de boletins de ocorrências, laudos do Instituto Médico Legal (IML), relatórios de atendimento hospitalar e comprovantes de residências.
Segundo a polícia, todos esses documentos serviam para embasar o requerimento fraudulento a ser formulado junto à seguradora. Após recebimento da indenização, o que se dá na conta dos "laranjas", os valores são sacados pelo cooptador e repassados em mãos ou transferidos, em grande parte para o principal articulador da fraude, que geralmente não aparece durante a empreitada criminosa. No caso da Operação Hidra, esse articulador seria Diógenes Barbosa.
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que divulgou o nome e a foto de Diógenes com o objetivo de identificar outras pessoas cujos documentos ou contas bancárias possam ter sido utilizados para praticar fraudes contra a Seguradora Líder, operadora do DPVAT. A Polícia pede que tais pessoas busquem a Delegacia de Defraudações ou façam uso do Disque Denúncia (181) para denunciar o fato, caso se identifiquem em uma dessas situações. Já o nome e a foto de Carlos Alberto estão sendo divulgados para que informações eventualmente fornecidas pela população possam levar a sua prisão.
O nome da operação, Hydra, remete ao monstro da mitologia grega que foi derrotado em um dos 12 Trabalhos de Hércules. A criatura possuía várias cabeças e a cada uma que era cortada surgiam duas outras no lugar, assim como ocorre figurativamente nas fraudes do seguro DPVAT. Na mitologia, o monstro foi derrotado depois que Hércules pediu ao sobrinho Iolau para que queimasse as cabeças com um tição logo após o corte, cicatrizando desta forma a ferida. Sobrou então apenas a cabeça do meio, considerada imortal. Hércules cortou e enterrou a última cabeça com uma enorme pedra, causando a morte de Hydra.