A CANTORA MORREU AOS 75 ANOS
Rainha do Rock, Rita reivindicava título de ‘padroeira da liberdade’
Publicado em 10 de maio de 2023
Por Jornal Do Dia Se
Rian Santos
riansantos@jornaldodiase.com.br
Batizei uma gata como nome de Rita Lee. O pêlo claro, mais o temperamento exigente, levantaram suspeitas a respeito de sua origem. Burguesa, sem dúvida. Por pouco ela não ganhou o nome de Clarice.
Rita Lee é rebelde, passa dias e noites a vadiar. Ao primeiro sinal de fastio, no entanto, põe-se a miar em frente ao portão de casa. Livre por condição e natureza, ela entra e sai quando bem quer – um privilégio. O pai interrompe qualquer atividade (leitura, redação, tarefas domésticas) para lhe abrir as portas.
Rita Lee tem os olhos azuis, como a rainha do rock. Também se dá, como a musa inspiradora, a diferenças de opinião. Não chegou ainda a criar caso com a polícia militar de Sergipe, como fez a Mutante, um episódio escandaloso da gestão Marcela Déda. Mas há na vizinhança quem queira nos ver, a mim e a minha gata, pelas costas.
Rita Lee não poupa o telhado dos outros, não se importa em pular sobre o capô dos carros, atrai machos valentes e barulhentos para a nossa rua. A gata não conhece limites. E desafia a propriedade e a ordem no entorno do bairro Aeroporto sem nenhuma consequência.
Os Beatles cantaram “Lovely, Rita” sem saber de Rita Lee. Azar o deles. Amo a cantora, compositora, persona non grata. Amo, sobretudo, a influência má de seu nome sobre os passos vagabundos de uma gata.