Segunda, 23 De Dezembro De 2024
       
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Relatório de Comércio e Desenvolvimento 2024


Publicado em 07 de dezembro de 2024
Por Jornal Do Dia Se


Saumíneo Nascimento
saumineon@gmail.com

 

O Relatório de Comércio e Desenvolvimento de 2024 da Conferência das Nações Unidas Sobre o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) pede uma reformulação fundamental das estratégias de desenvolvimento em meio à desaceleração global e ao crescente descontentamento social.
Ele alerta que a economia global, afetada por crises e mudanças climáticas, está presa em baixo crescimento e investimentos fracos, incapaz de atender às necessidades de desenvolvimento.
Enquanto isso, rápidas mudanças tecnológicas e crescentes tensões geopolíticas estão remodelando os padrões de comércio e produção, potencialmente piorando as desigualdades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Em uma economia lenta, os países em desenvolvimento enfrentam escolhas políticas difíceis enquanto lidam com o aumento da dívida, altos preços de energia e crescentes demandas por serviços sociais e de saúde.
Apesar desses desafios, o relatório identifica oportunidades, como a crescente demanda por minerais críticos para a transição energética e o aumento do comércio Sul-Sul. No entanto, sem mudanças estratégicas de política, as oportunidades podem ser perdidas.
O relatório insta os países em desenvolvimento a priorizar a resiliência econômica e a diversificação, indo além dos modelos de exportação liderados pela manufatura. Ele pede uma ação multilateral mais forte para melhorar a cooperação tributária, garantir uma transição energética equitativa e construir um sistema financeiro global focado no desenvolvimento.
O documento examina cinco temas principais: Um novo e baixo nível normal para a economia global; a estrutura mutável do comércio e das políticas comerciais; o alvorecer da economia de serviços; financeirização em um novo ciclo de commodities; e o Sul Global e a sua busca por financiamento para o desenvolvimento a longo prazo.
Para a Secretária Geral da UNCTAD,Rebeca Grynspan, “precisamos repensar, reformar e reviver. Repensar estratégias globais de desenvolvimento, reformar o sistema financeiro internacional e reviver o compromisso com o multilateralismo.”
De acordo com o relatório, a projeção é que o crescimento global fique estagnado em 2,7% em 2024 e 2025, abaixo da média anual de 3,0% entre 2011 e 2019 e bem abaixo da média de 4,4% observada antes da crise financeira global. No documento consta que para os países em desenvolvimento, a desaceleração é mais acentuada, com o crescimento caindo de 6,6% entre 2003 e 2013 para apenas 4,1% na última década. Excluindo a China, o crescimento do Sul Global teve uma média de apenas 2,8%.
Esta nova realidade de baixo crescimento econômico é insuficiente para enfrentar os desafios econômicos, sociais e ambientais que os países em desenvolvimento enfrentam, especialmente à medida que sua dívida pública aumenta.
No Sul Global, os níveis de dívida pública saltaram 15 pontos percentuais em quatro anos. Altas taxas de juros em economias avançadas, combinadas com moedas depreciadas em países em desenvolvimento, aumentaram o custo da dívida externa, forçando muitos países a desviarem mais de seus ganhos de exportação para pagamentos de dívida.
O relatório alerta que o aperto monetário prolongado para controlar a inflação pós-pandemia foi apenas parcialmente eficaz e causou dificuldades econômicas globais.
Como resultado, a recuperação pós-COVID-19 foi marcada por descontentamento generalizado, com preços mais altos ao consumidor e custos de crédito crescentes, corroendo a renda disponível das famílias em 8% desde 2020.
Em meio à desaceleração econômica global, ao aumento da dívida e ao descontentamento crescente, o relatório pede mudanças políticas importantes para garantir uma recuperação sustentável e inclusiva e reverter as tendências de aumento da desigualdade de renda, salários reais estagnados e crescimento sem empregos nas economias em desenvolvimento.
Algumas sugestões apontadas para os países são:
Adotar uma abordagem equilibrada à inflação – o relatório alerta contra a dependência excessiva de aperto monetário, defendendo uma mistura de políticas fiscais, monetárias e regulatórias para lidar com as forças que impulsionam as pressões inflacionárias. Isso deve incluir esforços conjuntos para coibir práticas anticompetitivas, abordar abusos de dominância de mercado e reduzir a concentração corporativa em setores-chave.
Considerar os impactos mais amplos da política monetária – as autoridades monetárias devem levar em consideração como suas decisões afetam a sustentabilidade da dívida, a estabilidade financeira e o financiamento das necessidades de investimento, particularmente em países em desenvolvimento.
Diversificar economias – lidar com a crescente desigualdade de renda, salários estagnados e crescimento sem empregos requer políticas industriais que promovam a diversificação econômica. Essas estratégias devem se estender além da manufatura e considerar a interação entre fatores ambientais, financeiros e tecnológicos.
Pelo exposto do referido relatório de 2024, fica evidenciado que a globalização permitiu uma expansão fenomenal do comércio, ajudou a tirar milhões da pobreza, mas ainda não foi suficiente para beneficiar os mais vulneráveis, portanto persistem os desafios de melhorar o mundo via o comércio.

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