Renda cidadã
Publicado em 06 de outubro de 2020
Por Jornal Do Dia
A criação do Renda Cidadã, programa de trans ferência de renda com o carimbo do governo Bolsonaro, ainda é alvo de especulação e polêmica. Isso porque a pretensão esbarra nos limites orçamentários da União, com o potencial de furar o teto de gastos e suplantar a retórica do rigor fiscal, tão cara ao poder de turno. Além do mais, a repercussão do programa na vida dos brasileiros mais pobres tende a desequilibrar o fiel da balança eleitoral.
Os programas de transferência de renda começaram a ser adotados no Brasil durante o governo de Fernando Henrique Cardoso. Ampliado desde o primeiro mandato de Lula, sempre mereceu a alcunha de "bolsa esmola" pelos adversários do Partido dos Trabalhadores. Além do seu evidente apelo eleitoral, contudo, há razão de sobra para o governo federal insistir na distribuição do auxílio. Antes de tudo e de todos, a economia agradece.
Em primeiro lugar, ao contrário do que afirmam os desinformados, o investimento jamais manteve milionários. O Bolsa Família é destinado a famílias com renda per capita insuficiente.
Infelizmente, os brasileiros em situação miserável ainda são muitos. Em setembro do ano passado, 13,5 milhões de famílias foram atendidas a um custo de R$ 2,5 bilhões. O benefício médio registrado pelo governo foi de R$ 189,21.
Em um País incapaz de oferecer uma oportunidade a 13 milhões de desempregados, número que tende a crescer muito, em função da retomada da atividade econômica, a fome é um dado da realidade. O pagamento do Bolsa Família ou coisa que o valha tem sim, portanto, uma face assistencialista. No entanto, as consequências virtuosas na economia, derivadas do consumo entre os mais pobres, não são menos importantes. Ponto final.