O economista e professor da UFS Ricardo Lacerda
Renda per capita de SE foi a 2ª maior do NE em 2019
Publicado em 01 de março de 2020
Por Jornal Do Dia
Gabriel Damásio
Apesar do cenário ne- gativo criado pela persistência da crise econômica dos últimos seis anos, alguns indicadores apresentados na última semana apresentaram melhorias e indicam que a economia sergipana começou a reagir, ainda que lentamente. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na última sexta-feira, novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), com os indicadores de emprego e de renda domiciliar.
Eles apontaram que, no ano passado, a renda domiciliar per capita de Sergipe ficou em R$ 979,78. É o segundo maior rendimento da região Nordeste, ficando atrás apenas do Rio Grande do Norte, que registrou um rendimento de R$ 1.056,59. Já entre todos os outros estados, o nosso ficou em 16º lugar, entre Roraima (R$ 1.043,94) e Pernambuco (R$ 970,11).No Brasil, o rendimento domiciliar per capita foi de R$ 1.439. Em comparação com o índice de 2018, quando a renda média era de R$ 906, o valor aumentou em 8,1%, fazendo Sergipe subir uma posição no ranking dos estados.
O rendimento domiciliar per capita é o cálculo do total dos rendimentos domiciliares (em termos nominais) dividido pelo total dos moradores. São considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes de todos os moradores, inclusive os classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos. Os valores foram obtidos a partir dos rendimentos brutos efetivamente recebidos no mês de referência da pesquisa, acumulando as informações das primeiras entrevistas dos quatro trimestres daPNAD Contínua de 2019.
A outra pesquisa, de abrangência nacional, apontou que houve uma queda nas taxas de desocupação e de subutilização. Ela apontou que a taxa de desocupação diminuiu para 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, uma queda de 0,4 ponto percentual em relação ao trimestre anterior (de agosto a outubro de 2019), quando ficou em 11,6%. Em relação ao trimestre encerrado em janeiro de 2019, quando a taxa foi de 12,0%, houve queda de 0,8 ponto percentual. A avaliação, no entanto, é de que a ocupação total na economia sergipana, entre empregos formais e ocupações informais aumentou 7,3% em 2019. Foram cerca de 64 mil ocupações a mais, entre formais e informais.
Na avaliação do economista Ricardo Lacerda, professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), esses dois resultados têm conexão entre si e confirmam que a economia sergipana voltou a crescer e a gerar emprego. "Considerando apenas os empregos formais no setor privado, foram cerca de 8 mil ocupações a mais. Um aumento de 3,5%, que se não é espetacular, também não é pouca coisa. É uma taxa de crescimento boa, relativamente elevada.A pesquisa do Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados] entre as empresas formais também apontou crescimento dos empregos com carteira assinada em Sergipe. Todos os indicadores apontam no mesmo sentido", disse.
Lacerda avaliou ainda que a pesquisa sobre o rendimento médio também confirma o início da recuperação do mercado de trabalho. "O rendimento médio cresceu 8,1% em 2019, na comparação com 2018, em termos nominais. Descontando a inflação, o rendimento médio cresceu acima de 3%. Um dado significativo é que a soma de todos os salários da economia sergipana aumentou em R$ 350 milhões em 2019, já descontada a inflação. Ou seja, mais poder de compra circulando na economia sergipana", disse ele.
Empregos – O PNAD apontou que a maioria dos empregos tem se concentrado no setor de serviços. Isso significa que as atividades empregatícias foram em setores de alimentação, hotelaria, informação, comunicação, atividades financeiras, técnicas e administrativas. O Observatório de Sergipe também analisou a pesquisa e conclui que a taxa de Aracaju de desocupação voltou a cair, passando de 15,5% para 14,3% entre o 3º e 4º trimestre de 2019. O 4º trimestre registrou 48 milpessoas desocupadas contra 51 mil do 3º.Na comparação com o mesmo período de 2018, a queda na desocupação foi de 0,4 ponto percentual. "É verdade que a taxa de desemprego continua alta; será necessária a continuidade do crescimento da ocupação nos próximos trimestres para que a taxa de desemprego decline de forma importante", explica o professor.
E a possibilidade de crescimento da economia passa pela atividade de exploração de petróleo e gás, área da qual Sergipe chegou a figurar entre os maiores produtores do país. A Petrobras já começou a desmobilizar as atividades de sua sede em Aracaju, concentrando-a em Carmópolis (Vale do Cotinguiba), e vem se desfazendo de alguns campos de produção considerados nos produtivos, além de arrendar a Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen), em Laranjeiras. No entanto, a estatal começou a fazer na última semana os testes de produção em áreas do litoral onde goram descobertos novos poços com reservas bilionárias de gás natural, o que pode atrair novas indústrias para o estado.
"É de conhecimento geral que a companhia vem desmobilizando ativos em Sergipe e em outros estados. O impacto sobre a economia sergipana foi tremendo. Aparentemente, o período pior já ficou para trás. Ou seja, a maior parte das maldades já foi feita; paralisou a Fafen e um grande número de campos de petróleo maduros.Todavia, a empresa mantém o interesse nas novas explorações em águas profundas, como a imprensa tem noticiado, com a operação de navios sondas, e o anúncio de oleoduto de 128 quilômetros de extensão para transportar a nova produção.Há um reconhecimento geral de que as novas descobertas na bacia sergipana são a maior fronteira de exploração de petróleo e gás do país, somente superada pela exploração do pré-sal", concluiu Lacerda, ressaltando que essas previsões só devem se concretizar a partir de 2023.