Renovando a Fé
Publicado em 08 de abril de 2020
Por Jornal Do Dia
* Raymundo Mello
(publicação de Raymundinho Mello, seu filho)
No último domingo (5) teve início a Sema- na Santa, com a celebração do ‘Domin- go de Ramos e da Paixão do Senhor’, como indica o Diretório da Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Assim, trago hoje para os caros leitores, na íntegra, um texto escrito por meu pai, o Memorialista Raymundo Mello, e publicado na edição de 15/03/2016 do ‘Jornal do Dia’, mantendo, inclusive, o título original da publicação, "Renovando a Fé". Boa leitura pra todos!
"Nos idos dos anos 40, Aracaju – com cerca de 80 a 90.000 habitantes – durante a ‘Semana Santa’, após a ‘Quaresma’ e até o ‘Domingo de Páscoa’, era uma cidade silenciosa e solene. Pouca algazarra, sustada, apenas, pelos cânticos religiosos nas igrejas e procissões e pelo ‘soar das matracas’ que substituíam os sinos.
Com o feriado escolar, que ia do sábado da semana anterior ao domingo de Páscoa – às vezes, até a segunda-feira subsequente -, a cidade parecia ficar vazia. É que os (as) estudantes internos (as) nos colégios tradicionais – ‘Nossa Senhora de Lourdes’, ‘Patrocínio de São José’, ‘Salesiano Nossa Senhora Auxiliadora’, ‘Tobias Barreto’ e ‘Educandário Jackson de Figueiredo’ -, além dos vários pensionatos que também hospedavam jovens estudantes vindos (as) do interior do estado e de estados vizinhos, liberavam esses (essas) internos (as) e hóspedes para visitarem seus pais e demais familiares. A convivência entre estudantes fazia com que alguns (algumas) internos (as) convidassem colegas para acompanhá-los (as) nesse pequeno período de "férias" e lá se iam mais alguns (algumas) jovens aproveitar os feriados, e com isso esvaziava-se Aracaju; marinetes e trens saíam lotados, além dos carros de passeio – como se dizia – de pais e parentes.
Os tempos mudam os hábitos. Aracaju dos anos 2000, nesses dias enche-se de visitantes, turistas, que vêm descansar, tomar banho de mar e deliciar-se com os caranguejos e outras especiarias que a cidade oferece, durante esse período de fé e oração para os que são religiosos cristãos católicos.
As solenidades concentravam-se na Igreja Matriz, então Catedral Diocesana, com as celebrações eucarísticas, onde as leituras bíblicas eram feitas em Latim. Eram solenidades bonitas, mas a maioria das pessoas não entendia quase nada. Felizmente as homilias eram feitas em Português e nos ajudavam a entender o conteúdo das leituras. Na verdade, celebrava-se tudo que ainda celebra-se hoje, só que concentrado na área da Catedral; uma ou outra igreja fazia celebrações particulares, mas os momentos mais importantes, somente na Catedral.
Hoje, apenas um ato solene é celebrado unicamente na Catedral – a ‘Missa dos Santos Óleos’, onde o clero, em uníssono com seu Arcebispo, renova seus compromissos sacerdotais e recebe, das mãos ungidas do Bispo, os óleos santos destinados às cerimônias do Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos. É, de fato, solenidade de importância especial, porque sela a unidade da Igreja.
Todos os demais atos da Semana Santa são celebrados na Catedral e na matriz de cada sede paroquial. E aí se incluem atos especiais, dentro dos preceitos eclesiais, mas que oferecem reflexões sobre a ‘Vida, Paixão, Morte e Ressurreição do Cristo Jesus’. Esses atos são celebrados na Catedral Metropolitana e nas sedes paroquiais, como citado.
Lembrando as solenidades do meu tempo de jovem católico, repasso o nome de cada ato, ainda celebrado pela Igreja Católica em todo o mundo: Domingo de Ramos, segunda, terça e quarta-feira, Missas, Via Sacra, Procissão do encontro e do fogaréu (a critério de cada pároco); quinta-feira, além da Missa dos Santos Óleos, na Catedral, Ceia do Senhor (Missa) com Lava-pés, e, após, adoração; sexta-feira, proclamação da Paixão do Senhor e procissão do Senhor morto; sábado, proclamação da Ressurreição do Senhor (sábado de Aleluia); o encerramento da Semana Santa acontece no Domingo de Páscoa, com Missas festivas em todas as igrejas.
São feitos esforços especiais para a Celebração do Sacramento da Penitência (Confissões), objetivando que todos os cristãos católicos cumpram, em clima de fé, o ‘sacramento da reconciliação’ com Deus e consigo mesmo, como pede a Santa Mãe Igreja em seus mandamentos.
Todos esses atos eu acompanho desde meus primeiros anos (e já são tantos!) e a Igreja Católica Apostólica Romana no mundo inteiro os celebra há 2000 anos.
Se cada ato desse for celebrado com espírito de fé, esta mesma fé nos diz que dias melhores virão. As perseguições à Igreja Católica existem desde sua fundação, há 2016 anos, mas ela permanece firme, é a Santa Igreja de Jesus Cristo, de Maria Santíssima e do Papa.
Concluo dizendo que nos meus anos de jovem (há bastante tempo, repito), os (as) colegas regressavam com os (as) acompanhantes após a Semana Santa, e Aracaju era repovoada e enriquecida com a alegria dos (as) estudantes".
* Raymundo Mello é Memorialistaraymundopmello@yahoo.com.br